Zema destina R$ 300 milhões de verba secreta para 10 deputados

14 de março de 2022

Com repasse ‘extra’, parlamentares aliados fortalecem suas bases com dinheiro público

Essa matéria, de exclusividade do jornal O Tempo, mostra a verdadeira face do governador Romeu Zema, que diz que o Estado está sem dinheiro e no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), porém tira dinheiro da “cartola” quando quer que algo, do seu governo, seja aprovado e, o faz, através das emendas parlamentares, uma forma de “comprar” deputados para votarem de acordo com seus interesses, esquecendo de votar de acordo com os interesses do povo, a qual esses parlamentares representam ou deveriam representar.

O Sindpol/MG repudia essa atitude do governador e, mais ainda dos parlamentares que estão ali para legislar e fiscalizar o governador.

Veja a matéria!

Documentos aos quais O TEMPO teve acesso com exclusividade comprovam que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), fez um repasse de quase R$ 300 milhões em verbas ocultas somente para dez deputados mineiros.

O objetivo disso? Fortalecer sua base de apoio na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Casa em que ele vem enfrentando muitas dificuldades na aprovação de projetos, muitos deles questionáveis, como o Regime de Recuperação Fiscal.

O primeiro colocado no ranking das emendas que seriam a versão mineira do “orçamento secreto” nacional foi Antônio Carlos Arantes (PSDB). O deputado recebeu sozinho (nos repasses que ganharam o apelido de “Zema plus”) R$ 49,8 milhões no ano passado por meio de secretarias estaduais – o valor é quase 5 vezes maior que os R$ 10 milhões de emendas impositivas a que cada um dos 77 deputados estaduais tem direito anualmente.

Já por meio das emendas regulamentadas e tornadas públicas, o deputado estadual Antônio Carlos Arantes recebeu R$ 7,4 milhões, aproximadamente sete vezes menos do que o que recebeu em recursos ocultos por meio das secretarias do governo Zema. No infográfico ao lado, veja a lista completa dos parlamentares que receberam ou não verba oculta do governador.

Nacionalmente, o Congresso possui a chamada “emenda do relator” em que os parlamentares da base do presidente da República possam receber as emendas por apoiarem o governo. Em Minas Gerais, no entanto, o caminho usado para distribuir a verba foi outro.

Para repassar recursos escondidos aos deputados que aceitam integrar a base, o governador Zema daria o sinal verde para os parlamentares indicarem a destinação por meio das secretarias. Assim, a destinação da verba ficaria tendo como origem uma secretaria, mas os deputados assumiriam a paternidade da verba para o município a que foi enviada. O mesmo benefício não teriam deputados estaduais da oposição nem os independentes.

O deputado Fábio Avelar, do Avante, também da base do governo na Assembleia, foi o primeiro parlamentar que mais recebeu recurso na lista das emendas previstas em lei e tornadas públicas, com R$ 11,06 mi repassados pelo Estado. O valor é, porém, 4 vezes menor do que aquele que consta na lista de recursos “extras”, na qual aparece como beneficiário de R$ 48,3 mi.

O Avante é o partido também de Roberto Andrade, atual líder do bloco de apoio ao governo na Assembleia. Ele recebeu do Executivo de forma oculta R$ 8,3 milhões. Esse valor se soma a outros R$ 4,09 milhões, este último valor em emendas públicas.

A estratégia das verbas ocultas começou a ser revelada em fevereiro e causou muitos questionamentos entre os parlamentares na ALMG. Muitos deles citam a forma de agir do governador para tentar aprovar o Regime de Recuperação Fiscal.

Fonte: O Tempo