Violência força novos hábitos
Assustados e inseguros com a rotina de assaltos e arrombamentos de veículos no bairro Santo Antônio, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, moradores criaram um grupo na internet chamado “SOCORRO – eu moro ou circulo no Sto Antônio!”. A intenção da iniciativa é encontrar alternativa para a violência no bairro, que em poucos meses vitimou, por exemplo, todos os integrantes de uma banda.
Intimidados pela violência, os músicos torcem para não voltarem a ser alvo de bandidos e tentam se prevenir modificando os horários dos encontros. Para tentar evitar novamente os transtornos que teve quando foi assaltado, Flávio Henrique Alves de Oliveira, 45, carrega em seu carro uma carteira extra, com documentos antigos. Companheiro de palco de Oliveira, o músico Carlos Eduardo Magalhães, 33, também se previne.
“Já fui assaltado pelo menos três vezes nos últimos seis meses. Os bandidos não estão sendo punidos, e nós é que estamos presos, com o medo. Sempre que vou sair do estúdio, olho ao redor, para ter certeza de que não há ninguém estranho. Além disso, sempre carrego comigo um pedaço de cano como proteção. Isso pode intimidar o bandido”, denuncia.
Estratégias. Com a recorrência dos crimes – em sua maioria assaltos nas ruas e em sinais de trânsito e pequenos furtos, as pessoas têm adotado estratégias para não engordarem as estatísticas. É o caso da estudante Isabella Brandão Lara, 27, que depois de ter sido vítima de um roubo a poucos metros de casa, não sai mais sozinha e evita andar na região à noite.
“O assalto mudou muito a maneira com que eu me comporto. Eu voltava da universidade tarde, sozinha, sem ter medo. Agora não consigo mais ter tranquilidade”, afirma a estudante.
A jovem conta que estava saindo de casa para uma entrevista, em busca de um estágio estudantil. Ao ser abordada pelos bandidos, que não estavam armados, Isabella foi vítima de violência física. Um deles a puxou pelos cabelos, enquanto o outro a agarrou pelo pescoço. “Eu entreguei tudo. Não era possível reagir com alguém segurando meu pescoço. Ainda bem que não me feri, mas nunca tinha sofrido violência assim”, revela.
Todas as vítimas ouvidas pela reportagem de O TEMPO relataram ter conhecimento de ocorrências semelhantes com amigos e vizinhos.
Reação
“Um homem arrombou meu carro, mas percebi e fui atrás de táxi. Recuperei meu violão, e o bandido conseguiu fugir a pé.”
Carlos Magalhães, 33 músico
Extremo
“A situação aqui está complicada. Até o banheiro de um estande para operários de uma obra ao lado da minha casa foi arrombado.”
Isabella Lara, 27 estudante
Dicas da polícia
Objetos. Evitar andar com objetos valiosos à vista, como eletrônicos e correntes de ouro. Ao estacionar o carro, nunca deixe objetos visíveis, principalmente os de valor.
Ambiente. Evitar locais escuros e isolados. Antes de entrar em casa, observe se há movimentação estranha na região. Se perceber algo, passe direto e ligue para a polícia.
Placas. Se visualizar as placas de motocicletas e carros usados nos assaltos, informe à Polícia Militar (PM) imediatamente.
Comunicação. O contato com o batalhão da PM que atende o Santo Antônio pode ser feito pelos telefones (31) 3284-8445 e 2123-1806.
Reunião
Comando. Os problemas foram discutidos em reunião neste ano entre moradores e o comando da PM no bairro. A comunidade formula abaixo-assinado com as reclamações.
Fonte: O Tempo