Sequestros expõem violência na região metropolitana
Em menos de 24 horas, Belo Horizonte e a região metropolitana foram palcos de três sequestros-relâmpago e um assalto que terminou em um empresário morto. As ocorrências expõem a violência cada vez mais presente no dia a dia da população. A tensão e o medo acompanham os moradores de bairros nobres, que se veem forçados a mudar a rotina e a buscar alternativas para se proteger. Nem os condomínios fechados, promessas de segurança, estão livres dos criminosos. Para especialistas, falta policiamento preventivo. Já a polícia defende que são apenas casos isolados.
Em um dos sequestros, no luxuoso condomínio Alphaville, em Nova Lima, na região metropolitana, três homens encapuzados invadiram uma casa, às 2h30 de ontem. Quatro moradores estavam no local. Eles foram rendidos e amarrados; a dona de casa Mary Margareth Noronha, 53, foi obrigada a dirigir o carro da família na fuga. Os bandidos levaram joias, roupas, televisões e celulares. Eles abandonaram a vítima em Santa Luzia, na região metropolitana.
Em Belo Horizonte, o bairro Luxemburgo, na região Centro-Sul, foi cenário de outro sequestro. Uma revendedora de joias de 56 anos foi rendida na porta de casa, às 6h de ontem. Os bandidos rodaram com a vítima por cerca de 30 minutos e fugiram com R$ 100 mil em joias. Ela foi abandonada na avenida Barão Homem de Melo, na região Oeste.
Fecha a lista de ocorrências o caso de uma adolescente de 17 anos, que ficou dez horas em poder de criminosos. Ela foi abordada no bairro Alto Vera Cruz, Leste da capital, quando voltava de uma festa, no fim da noite de anteontem. Segundo a jovem, ela ficou vendada, em um quarto escuro. Antes de ser libertada, a garota disse que ouviu os sequestradores afirmando que haviam pegado a pessoa errada. Em nenhum dos casos, os criminosos foram presos. As vítimas não quiseram dar entrevista.
"Ninguém tem sossego. Minha filha ficou duas horas no porta-malas do carro, há dois meses. Por sorte está viva, mas ninguém foi preso", disse um engenheiro de 63 anos, morador de Nova Lima.
Falha. Para o especialista em segurança pública Luiz Flávio Sapori, os casos são exemplos da ineficiência do trabalho preventivo da polícia. "O bandido sabe que pode cometer o crime mais de uma vez sem a presença repressiva da polícia. A maior reclamação das pessoas é que não há policiais nas ruas".
Para a diretora do Instituto Sou da Paz, Luciana Guimarães, os crimes cada vez mais comuns revelam uma falha no diagnóstico e na investigação da polícia. "Se os casos são comuns, você pode investigar e traçar o perfil das vítimas e dos autores para agir de forma efetiva. Se temos tantos casos, não há uma intervenção eficiente. (Com Vinícius DOliveira/Tâmara Teixeira).