Quadrilha pode ter policiais.

Quadrilha pode ter policiais

Policiais podem estar em meio aos integrantes da quadrilha de roubo a bancos com atuação em Minas e em São Paulo parcialmente desmantelada na última sexta-feira no Sul de Minas. A suspeita foi aventada pelo secretário de Segurança Pública paulista, Fernando Grella, e confirmada pelo delegado João Eusébio Cruz, chefe do 17º Departamento de Polícia Civil de Minas. Dez pessoas morreram em conflitos cinematográficos com a polícia desde a madrugada de sábado no Sul de Minas – ao menos nove deles eram integrantes do bando.

A suspeita é que policiais possam ter ajudado o grupo com informações privilegiadas e facilitando as ações dos suspeitos em pequenas cidades. “Isso tudo está sendo investigado sim, mas ainda não podemos adiantar nada”, afirmou Cruz. “Já houve casos recentes da participação de policiais, e é lamentável. Porque isso não é policial. É um criminoso mais perigoso porque dá cobertura aos outros criminosos por conta da sua posição, da sua função”, disse Grella.

Até o momento, seis pessoas foram detidas. Como a suspeita é que o grupo seja formado por cerca de 30 integrantes, a polícia ainda investiga o paradeiro dos outros bandidos. Nessa segunda, novas operações foram realizadas em Minas e São Paulo, mas sem presos.

Em entrevistas a emissoras de televisão, a advogada de alguns dos presos criticou a atuação da polícia. “Foi uma chacina e não uma operação. Eles teriam ido até Itamonte com a intenção de roubar bancos e não de matar ninguém no meio da madrugada”, afirmou Elisabeth Pezzuol. Os criminosos estavam fortemente armados, com máscaras e coletes à prova de balas. Ela foi procurada durante toda a tarde, mas não atendeu o celular.

Identificação. Uma equipe de policias passou o dia em São Paulo coletando informações sobre o grupo. “Ainda não certificamos nenhum autor como sendo mineiro. Todos os integrantes conhecidos da polícia são de Mogi das Cruzes e outras cidades da Grande São Paulo. As apurações ainda vão se arrastar por um bom período. Essa quadrilha é muito maior que o número de pessoas presentes na operação e era uma das mais atuantes do Brasil”, contou o superintendente de Investigações da Polícia Civil, Jeferson Botelho.

A polícia também apura a participação do grupo em outros crimes. Além de depoimentos de testemunhas, imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas, além de exames de balística. “Vamos fazer o possível para saber quais crimes essa quadrilha realmente efetuou no Estado. Eles não podem ficar impunes”, acrescentou Botelho.

Identificação

DNA. Cinco dos nove mortos no confronto ainda seguem sem identificação. Para acelerar o processo, as digitais das vítimas estão sendo coletadas e serão jogadas no banco de dados nacional.

Carnaval adiado
O prefeito de Itamonte, Ary Pinto (PP), a Polícia Militar e o Ministério Público decidiram nessa segunda adiar a festa de Carnaval na cidade. É possível que a festividade ocorra em abril. “Há uma sensação de insegurança. Não há clima para comemorações”, afirmou o prefeito.

Frieza dos fugitivos surpreende vítimas 

O taxista e empresário Zélio Morais, 43, chegou ontem pela manhã a Itamonte, após ser libertado em São José dos Campos (SP). Na noite de anteontem, ele foi sequestrado em seu restaurante, às margens da BR–354, por dois bandidos da quadrilha até então foragidos. Morais foi libertado durante cerco policial na rodovia Presidente Dutra, após novo conflito dos criminosos com os policiais – um suspeito morreu, e outro foi detido.
 

Sem ferimentos, o taxista chegou em casa sem relatar o ocorrido a ninguém, tomou calmante e dormiu. A irmã dele, Maria Inês Elisa, 45, estava com ele na hora do sequestro e se surpreendeu com a frieza dos bandidos. “Eles disseram que só queriam um carro para fugir. Estavam com armas enormes e se preocuparam em escondê-las para não assustar as crianças”, disse.

Fonte: O Tempo