Pacto só é viável com confiança.

Pacto só é viável com confiança

Todo o País acompanhou, na segunda-feira (24), com muita ansiedade o encontro da presidente Dilma Rousseff com os 27 governadores de Estado e 26 prefeitos de capitais, para que dele pudesse sair solução milagrosa que acalmasse as ruas e resgatasse a normalidade institucional. O pacote de intenções é válido e necessário em função dos protestos inflamados de Norte a Sul, mas não é exequível no curto prazo e, antes disso, no curtíssimo, talvez, não seja suficiente para resgatar a credibilidade do cidadão nas instituições, cuja principal referência é a Presidência da República.

A tão alardeada “nuvem” de que falava o ex-governador Magalhães Pinto, para explicar os fenômenos da política, transformou-se, de uma hora para outra, em tromba d’água. Até 15 dias atrás, o quadro era de total estabilidade política, com a aprovação de mais de 70% do desempenho do governo; outros mais exaltados diziam que a reeleição da presidente estava garantida. Como advertia o bruxo Karl Marx, “tudo que é sólido desmancha no ar”.

Não se pode prever o que sairá das próximas pesquisas, mas não há dúvida de que a credibilidade de todas as instituições ficou afetada. A iniciativa de Dilma foi importante, até para registrar mudança de atitude; antes, ela concentrava recursos e ações no governo federal, agora, ante o caos, pede solidariedade de prefeitos e governadores. O que esses podem fazer por ela e pelo País, além da solidariedade e do apoio às medidas? Nada mais, até porque não é de hoje que estados e municípios estão de pires nas mãos.

Há muito, prefeitos e governadores tentam renegociar as dívidas com a União, sufocados por juros de 15% da própria União. Na saúde pública, mais do que médicos, faltam recursos com os 10% da União da Emenda 29, que, em alguns municípios e estados são maquiados para cumprir o índice. Na segurança pública, 13% são da União, o restante vem dos estados e municípios.

A lição das ruas puxa as orelhas da oposição, que não representava e até ignorava o nível de insatisfação. As ruas falaram mais alto do que oposicionistas sem eixo e sem discurso. Quarta-feira (26), promete-se manifestação recorde em Belo Horizonte e confronto sem controle. Está na hora de o manifestante fazer seu protesto longe da linha de conflito, onde os esperam policiais e elementos infiltrados em nome do caos.

Fonte: Hoje em Dia