Em meio a protestos da categoria, Zema exonera onze chefias da Polícia Civil

22 de fevereiro de 2022
Foto: Flávio Tavares/O TEMPO

Em meio ao clima quente envolvendo o Governo de Minas Gerais e as forças de segurança do Estado, que estão em greve desde ontem, uma série de exonerações na Polícia Civil, publicadas no Diário Oficial do Estado nesta terça-feira (22), repercutiram entre os servidores que, a princípio, pensaram se tratar de uma retaliação por parte do governador.

Os atos, assinados pelo próprio Romeu Zema (Novo), confirmam a exoneração de onze servidores que estavam lotados em cargos comissionados na chefia da Polícia Civil. Todos os nomes agora retornam para o cargo original onde estão lotados na instituição.

Veja a publicação no Minas Gerais

Procurados pela reportagem, os sindicatos que representam os policiais pediram cautela ao analisar os atos do governador e veem o movimento como algo normal.

“São procedimentos normais, cumprindo determinação legal da Lei Orgânica da Polícia Civil, que é a Lei Complementar 129/2013. Ela determina que as chefias intermediárias, sejam elas chefes de departamentos, delegados regionais, chefes de institutos, inspetores, chefes de cartórios e outras chefias, cumpram cinco anos de exercício naquela unidade. E é o que aconteceu. Foi apenas o cumprimento da lei”, detalha a presidente Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de Minas Gerais (Sindepominas), Maria de Lurdes Camilli.

‘Infeliz coincidência’

Para o assessor do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol/MG), Wemerson Oliveira, os atos assinados por Zema também se tratam de uma ação de praxe do governo, no entanto, o ‘timing’ da publicação – um dia após o protesto que reuniu milhares de polícias nas ruas de Belo Horizonte – não foi dos melhores.

“A gente vê isso como uma infeliz coincidência por parte do governador. Na semana passada a gente já tinha a informação que haveria mudanças nas chefias em função do tempo de exercício e inclusive hoje, no Diário Oficial, o que tivemos foi uma republicação do que já havia saído. Mas a gente sempre tem um pé atrás”, ressalta.

Segundo Oliveira, um dos desafios durante esse período de greve, que começou nesta terça-feira (22), tem sido acalmar os ânimos das tropas. Além da desconfiança por parte das perseguições dentro da polícia, uma postagem feita pelo governador Zema ontem não caiu bem entre os policias.

“Aquela postagem de ontem, dizendo que os cemitérios estão cheios de insubstituíveis, foi o suficiente para deixar muitos policiais pensando que estão sendo ameaçados. Então desde aquele episódio estamos atuando para acalmar os ânimos, porque não foram todos que engoliram a desculpa de que aquilo não foi direcionado a categoria”, diz Oliveira, que acredita que a questão entre a categoria e o governo será resolvida por vias legais.

“Estamos com uma perda inflacionária de 37,5% no salário, então não temos muito mais a perder. Se houver algum tipo de retaliação dele (Zema), isso só vai inflamar mais a categoria, pois nós não vamos recuar”, diz.

O governo foi procurado para comentar as exonerações publicadas no Diário Oficial do Estado mas, até o momento, ainda não se manifestou.

Fonte: O Tempo