Cientistas criticam violência e destacam conscientização.

Depois de pelo menos quatro grandes passeatas em Belo Horizonte e diversos protestos na região metropolitana, com a mobilização de centenas de milhares de pessoas, cientistas políticos analisam que o saldo da onda de protestos é positivo, principalmente, por mobilizar pessoas que, até então, não se envolviam com os problemas comuns à maioria da população.

O cientista político Fábio Wanderley Reis analisa que os protestos nas ruas deverão ser retomados com a realização da Copa do Mundo, em 2014, e das Olimpíadas, em 2016. “O mais importante é ver que pessoas que antes não prestavam atenção às questões políticas do Brasil foram envolvidas por esse movimento. Essas manifestações despertaram esse sentimento político em um grupo considerável”, afirmou o professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Para Reis, o ponto negativo foram os registros de violência. “Infelizmente, vimos essa propensão a ação violenta da polícia e de alguns vândalos”.

Segundo o também cientista político Fernando Filgueiras, depois de toda a mobilização nacional, os políticos terão de mudar a postura. “Ficaram claros o recado e o alerta de que instituições municipais, estaduais e federais precisam estar mais atentas às qualidades das políticas públicas que propõem e às demandas por combate às injustiças sociais. A violência e o vandalismo foram desnecessários”, avalia.

Para o sociólogo Moisés Gonçalves, as pessoas saem mais predispostas a engajar em outros movimentos. “Saiu um nó da garganta de todos”, disse.

Redes

As redes sociais tiveram um papel fundamental na articulação dos grandes protestos, inclusive nacionais. Para a estudante Amanda Medeiros, membro do Comitê dos Atingidos pela Copa (Copac), as pessoas aprenderam a usar a ferramenta para se mobilizar além do computador. “A rede conseguiu concentrar e agregar diversos setores sociais, inclusive a juventude que nunca teve consciência política. Mas agora todos saíram dela para manifestar e deliberar ações presencialmente”, destacou. (Joana Suarez)

União

Os movimentos sindicais sempre desencadearam grandes mobilizações. Mas os protestos a que o Brasil assistiu nas últimas semanas mostram a junção dos sindicalistas, das categorias e das manifestações populares. De acordo com o frei Gilvander Moreira, assessor da Comissão Pastoral da Terra, no ano passado, foram 840 greves no país. “Essa confluência de movimentos mostra que o nível de indignação chegou no nível máximo. O povo não vai voltar atrás. A expressiva maioria vai continuar protestando”, disse.

Fonte: O Tempo