Assassinatos crescem 74,7% em Minas Gerais
Um estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) mostrou que Minas está na contramão da região Sudeste e do país quando o assunto é registro de homicídios. Segundo o levantamento Situação Social nos Estados – Minas Gerais, entre 2001 e 2007, os mineiros acompanharam o crescimento de 74,7% no número de assassinatos de homens entre 15 e 29 anos. No mesmo período, o Sudeste registrou queda de 37% na mesma estatística enquanto no país, as estatísticas de violência caíram 7%.
Os dados do Ipea mostram que, em 2001, a média de homicídios em Minas era de 45,5 mortes para cada 100 mil habitantes. Em 2007, foram 79,5.
O levantamento tem como fonte a Rede Interagencial de Informações para a Saúde, que reúne dados de diversas organizações especializadas, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o texto da pesquisa, o indicador sobre homicídios envolvendo homens nessa faixa etária dá um panorama da violência urbana, já que é esse público o que mais morre no Brasil, principalmente em decorrência do tráfico de drogas.
Para o sociólogo Luís Felipe Zilli, pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o índice não só era preocupante na última década, como voltou a subir em 2011. "No último ano, houve um aumento de 25%, segundo dados do próprio governo", afirmou o estudioso. Até a noite de ontem, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) não havia informado o número de homicídios dos últimos anos e ninguém quis se pronunciar sobre a pesquisa.
Zilli disse ainda que a capital mineira registra atualmente 32 homicídios para cada 100 mil habitantes, enquanto a cidade de São Paulo, por exemplo, tem uma média de dez mortes. "Os dados mostram que Belo Horizonte é uma cidade extremamente violenta", completou. Segundo ele, os crimes ocorrem normalmente nos mesmos lugares, nos mesmos horários e envolvem pessoas com um mesmo perfil social. "Por isso, o governo precisa investir em medidas mais eficazes de prevenção", explicou.
O porte ilegal de arma é uma das causas. No último dia 5, o motoboy Paulo Márcio dos Santos, 22, foi morto por militares após sair de casa armado e ameaçar a ex-mulher em uma pizzaria da capital. "Vi a arma no quarto do meu filho e pedi para ele parar com isso. Mas ele disse que era só para se proteger", contou o aposentado Osmar Alves dos Santos, 56.
Pobreza
A pobreza extrema, quando a renda per capita é inferior a R$ 67,07 por mês, caiu de 9% para 3% em Minas de 2001 a 2009. Os dados têm como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad/IBGE). No mesmo período, houve um aumento de 39,4% na renda per capita dos mineiros, de R$ 452,9 para R$ 631,2, crescimento além da média nacional e também acima do Sudeste.
Seguridade social
A concessão de aposentadoria, pensões e programas oficiais, como o Bolsa Família, cresceu na última década. Segundo o Ipea, 20,8% da renda das famílias mineiras era ligada à seguridade em 2001; em 2009, o percentual subiu para 22,4%. A população mineira é mais dependente dessas transferências do que toda a região Sudeste, onde o índice foi de 18,19% (2001) e 20,5% (2009). Sobre a população rural de Minas, o dado é ainda maior: em 2009, 32,5% da renda familiar era dependente da seguridade.
Desemprego
A taxa de desemprego no Estado atingia 9% da população em 2001. Oito anos depois, o índice caiu para 7%, abaixo das médias regional e nacional (8,6% e 8,2%, respectivamente). Já a remuneração mensal passou de R$ 870,9 em 2001, para R$ 1.022,6 em 2009 – crescimento de 17,4%, o maior da região Sudeste. Por outro lado, o Estado apresentou a menor remuneração de 2009: no Sudeste, o rendimento era de R$ 1.264, e, no Brasil, de R$ 1.116,39. Na zona rural de Minas, a remuneração era ainda menor, R$ 586,9 em 2009.