O Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol/MG) acompanha com preocupação e indignação o caso envolvendo o desaparecimento de mais de 200 armas de fogo da delegacia regional do Barreiro, em Belo Horizonte, e a prisão de uma servidora administrativa suspeita de envolvimento no crime.
Antes de tudo, o Sindpol reafirma que a servidora não é uma policial civil! O sindicato reforça seu compromisso com a ética, a legalidade e o respeito à sociedade. Qualquer ato de desvio, corrupção ou conduta criminosa dentro da Polícia Civil deve ser rigorosamente apurado e punido conforme a lei. No entanto, é preciso dizer com clareza: essa situação é fruto direto do abandono e do sucateamento da Polícia Civil de Minas Gerais pelo governo do Estado.
Desde 2019, com a aprovação da Lei 13.964 (Pacote Anticrime), ficou determinado que os estados deveriam criar Centrais de Custódia de Provas e Armamentos, locais seguros e controlados para o armazenamento de armas, drogas e demais materiais apreendidos. Essa estrutura garantiria o cumprimento da chamada cadeia de custódia, que preserva a integridade das provas e impede o desvio de materiais apreendidos.
Entretanto, passados mais de cinco anos, o governo de Minas Gerais ainda não implementou a central de custódia, expondo as delegacias a sérios riscos e criando brechas para irregularidades e crimes. Em várias unidades, armas, drogas, dinheiro e outros objetos permanecem armazenados em espaços improvisados, sem controle eletrônico, sem vigilância adequada e muitas vezes sob responsabilidade de servidores sobrecarregados e mal remunerados.
O Sindpol denuncia há anos o cenário de falta de estrutura, baixos salários e sobrecarga de trabalho enfrentado pelos policiais civis e servidores administrativos. Não há justificativa para o desvio de conduta, mas é impossível ignorar o contexto em que ele ocorre. A falta de investimento, a ausência de gestão e a omissão do governo estadual criam terreno fértil para falhas graves e episódios lamentáveis como este.
O Sindpol defende uma reestruturação imediata da Polícia Civil, com a criação urgente da Central de Custódia de Provas, recomposição salarial da categoria, valorização dos servidores administrativos e condições adequadas de trabalho em todas as delegacias do Estado.
Por fim, o Sindicato reafirma total apoio às investigações conduzidas pela própria Polícia Civil e cobra do governador Romeu Zema responsabilidade e respeito com a segurança pública mineira. Sem valorização, investimento e estrutura, casos como este continuarão se repetindo — e quem perde é a sociedade.
Deixe seu comentário