Região metropolitana registra 505 mortes em quatro meses.

Região metropolitana registra 505 mortes em quatro meses

A região metropolitana de Belo Horizonte foi palco de 505 homicídios no período de junho a setembro, uma média de quatro crimes por dia. Mesmo com uma queda de 17,65% na comparação com o quadrimestre anterior, o índice é considerado alto por especialistas, que apontam a falta de planejamento da segurança pública no Estadocomo o motivo de tantas vidas perdidas. Já as autoridades culpam o tráfico de drogas.


"Quase sempre a morte tem relação com dívidas de drogas ou brigas de gangue por disputa de tráfico", disse o comandante da 2ª Região Integrada de Segurança Pública, coronel Auvear Saraiva. É o caso de um morador do Barreiro, na capital, de 21 anos, que foi assassinado em junho por causa de uma dívida de R$ 22 com um traficante. "Ele era viciado, mas até hoje não me conformo de terem t

irado a vida do meu filho por tão pouco", disse.

O delegado titular de Homicídios de Ribeirão das Neves, Marcio Rocha, afirma que, além de envolvimento com o tráfico, a maioria dos assassinos é reincidente. "Em 95% dos casos aqui na cidade, há alguma relação com o tráfico. Em muitos, eles (criminosos) já têm passagens pela polícia, inclusive por outros crimes", afirmou.


O coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ciências Sociais da PUC Minas, Luis Flávio Sapori, confirma a imp

ortância do tráfico na estatística – segundo ele, um estudo feito pelo núcleo em 2010 mostra que 33% dos homicídios estão relacionados ao tráfico. Mas o especialista alerta que a justificativa não pode ser simplesmente aceita pelas autoridades. "São muitas pessoas ainda perdendo familiares e amigos todos os dias. Falta um trabalho de prevenção de homicídios pelas polícias e pelo Estado", disse.


Para o advogado criminalista Roberto Assis, já que a polícia sabe que o tráfico é a raiz do problema, é preciso adotar ações para enfrentá-lo. "A polícia trabalha muito com a repressão e faz poucas ações de prevenção a crimes", argumentou.

Os crimes passionais e por vin

gança são, segundo a tenente Débora Santos, assessora de imprensa da Polícia Militar, asmotivações mais registradas pela polícia depois do tráfico. "Esses criminosos são, no entanto, os mais difíceis de prender porque dependemos de denúncias", disse.

Redução. Os dados são da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) e englobam a capital e outros 33 município ao redor. De acordo com a assessoria da secretaria, os dados ainda podem sofrer alterações.
Nos quatro meses anteriores, de fevereiro a maio, 615 assassinatos foram registrados pela polícia.

Projeto
Governo transfere secretaria de drogas

O governador Antonio Anastasia anunciou ontem o envio à Assembleia Legislativa de um projeto para a transferência da Subsecretaria de Políticas sobre Drogas, hoje parte da Secretaria de Estado e Defesa Social (Seds), para a pasta de Estado de Esportes e da Juventude (Seej).

Também fazem parte da migração para a nova pasta o Conselho Estadual Antidrogas e o Fundo Estadual de Prevenção, Fiscalização e Repressão de entorpecentes. O anúncio foi feito ontem durante a posse do deputado federal Eros Biondini na Seej. "O próprio perfil do novo secretário é muito vinculado, pelo seu histórico, ao tema de combate às drogas. E como a droga está relacionada, muitas vezes, com a juventude, e o esporte é uma das saídas mais adequadas, fizemos a transferência".
O sociólogo do Uni-BH Moises Gois disse que a mudança tem dois lados. "Isso pode prejudicar o combate à violência. Mas também pode intensificar a prevenção".

 

Fonte: Jornal O Tempo, 26 f routubro de 2012