Racismo é pautado: Após ofensa contra jogador Mineiro, Autoridades e sociedade intensificam debate sobre o assunto.

Racismo é pautado: Após ofensa contra jogador Mineiro, Autoridades e sociedade intensificam debate sobre o assunto

Fonte: Hoje em Dia

O mundo esportivo amanheceu envergonhado na quinta-feira (13). Jogadores, dirigentes e torcedores se uniram numa corrente de solidariedade ao meia cruzeirense Tinga, vítima de insultos racistas de parte da torcida do Real Garcilaso, no Peru. O duelo valia pela Libertadores e aconteceu na última quarta.

A maioria se pergunta até onde vão os limites da rivalidade. Outros questionam porque o futebol instiga gestos desprovidos de qualquer senso de humanidade. De digno, ficou a atitude de Tinga. Em vez de “atacar” os criminosos, ressaltou que “trocaria todos os seus títulos da carreira pelo fim do preconceito”.

Porém, punições por parte da Conmebol são mais que necessárias. A entidade não pode simplesmente fechar os olhos para um fato tão condenável. O Regulamento Disciplinar da Confederação prevê que a equipe peruana pode, inclusive, ser desclassificada da Libertadores.

Por enquanto, a Conmebol se manifestou pela internet. “A Confederação Sul-Americana analisará o tema e possíveis sanções pertinentes. Pedimos tranquilidade aos torcedores do Cruzeiro. Sabemos que é repugnante”, publicou.

Exemplo da Uefa

A Uefa deveria servir de exemplo, pois adota medidas severas para combater e punir o racismo na Europa. O Comitê Executivo da entidade aprovou, em maio de 2013, suspensão mínima de dez partidas aos responsáveis por apresentar tais tipos de comportamento nas cadeiras. Os estádios correm o risco de ser fechados completamente em caso de reincidência no Velho Continente.

Zenit, da Rússia, e Olympiakos, da Grécia, cumprirão sanções nas oitavas de final da Liga dos Campeões, a partir de semana que vem. Ambos atuarão com parte da arquibancada fechada nos duelo como mandantes, além de terem pagado multas por conta de problemas esporádicos.

O astro italiano Mario Balotelli, de origem ganesa, também já se cansou de receber insultos. Ameaçou deixar o campo e chegou a chorar no banco de reservas do Milan.

Mas Balotelli mostrou ao planeta o orgulho da sua cor negra ao tirar a camisa na Euro 2012, depois de balançar as redes da Alemanha. O atacante havia sido “perseguido” durante o torneio.

Alvos brasileiros

Há dez dias, o lateral-esquerdo Marcelo, do Real Madrid, sentiu na pele o preconceito na Espanha. Durante o clássico contra o Atlético de Madrid, no Santiago Bernabéu, pela Copa do Rei, torcedores visitantes cantaram: “Marcelo, eres un mono (Marcelo, você é um macaco)”.

Em seguida, o brasileiro desabafou pela rede social. “Eu quero agradecer todas as mensagens de apoio que tenho recebido. Embora não seja a primeira vez que isso acontece, asseguro que os insultos racistas nunca vão afetar a minha tranquilidade, muito menos a da minha família”, escreveu.

Ainda na Europa, em 2011, Roberto Carlos, então no Anzhi, abandonou o gramado depois que fãs do Krylia Sovetov, da Rússia, lançaram uma banana em sua direção. “Estou indignado”, esbravejou.

Na Libertadores, as cenas também se tornaram recorrentes, merecendo atenção e providências.