A defasagem salarial dos policiais civis e demais forças de segurança em Minas Gerais atingiu um nível insustentável: 45% de perda de poder de compra. Entre 2015 e 2025, a inflação acumulada no Estado foi de 74,89%, enquanto a categoria recebeu apenas 30,1% de recomposição. O resultado é um rombo histórico nos salários, que tem levado servidores ao adoecimento, endividamento e até à necessidade de fazer “bicos” para sobreviver.
O mais grave: essa defasagem poderia ter sido evitada. O próprio Governo de Minas, ainda em 2020, assinou um acordo com as forças de segurança para recompor as perdas inflacionárias da categoria, com o seguinte cronograma:
✅ 13% em julho de 2020 – pago
✅ 12% em setembro de 2021 – vetado por Romeu Zema
✅ 12% em setembro de 2022 – vetado por Romeu Zema
Ou seja, Zema deu um calote na segurança pública, descumprindo um acordo oficial e ignorando a Constituição Estadual, que garante a recomposição salarial anual.
Dados apresentados pelo próprio Estado mostram que o gasto com pessoal está em 48,52% da Receita Corrente Líquida — abaixo do limite máximo de 49% previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Mesmo assim, o governo usa o discurso fiscal para negar direitos, congelar salários e enganar a população.
Para as entidades sindicais, essa justificativa é uma escolha política, não técnica. O governo ignora que está acima apenas do “patamar prudencial” de 46,55%, mas tem margem legal para recompor os salários — e simplesmente não quer.
A perda salarial está adoecendo os servidores, que trabalham com excesso de carga, falta de efetivo, estruturas sucateadas e nenhuma valorização. Muitos perderam completamente o poder de compra e precisam fazer bicos para complementar a renda, algo impensável para uma categoria que coloca a própria vida em risco diariamente.
“Como manter policiais motivados, saudáveis e preparados para enfrentar o crime organizado recebendo quase a metade do que deveriam ganhar? Isso é abandono do Estado”, denuncia o Sindpol/MG.
Enquanto os salários estão congelados e as perdas se acumulam, Romeu Zema aumentou o próprio salário em quase 300%, concede isenções bilionárias para grandes empresários e nunca recebeu os representantes da Polícia Civil para negociar.
Ao mesmo tempo, a criminalidade avança e facções como PCC e Comando Vermelho já disputam território em Minas Gerais, reflexo direto da falta de investimento em investigação criminal.
O Sindpol/MG reafirma: sem pressão nas ruas, o governo continuará ignorando a segurança pública. A luta é pela sobrevivência da carreira, pela dignidade dos servidores e pela proteção da sociedade.
Chega de calote. Chega de desrespeito.
É hora de mobilização total.
A Polícia Civil de Minas Gerais merece valorização, recomposição salarial e respeito. E o Sindpol estará na linha de frente dessa luta até a vitória.