Cortisol liberado atua no estresse, levando a crise hipertensiva, arritmias e edemas
Publicado em O Tempo, por Litza Mattos
Manter-se otimista, mesmo em situações de crise, estresse e dificuldades pode ser uma das formas mais eficientes de cuidar da saúde do corpo como um todo. É o que aponta um estudo promovido pela Universidade de Los Angeles (Ucla), nos Estados Unidos, ao mostrar que os pensamentos pessimistas são capazes de reduzir as células de defesa – diminuindo, consequentemente, as chances de o organismo se livrar dos agentes causadores de doenças.
A ciência classifica os pessimistas como pessoas que interpretam as dificuldades como fracassos e sempre esperam o pior. Segundo o fisioterapeuta Felipe Moraes, é muito comum receber pacientes cujo aspecto psicossocial está diretamente relacionado à dor crônica, aquela com mais de três meses de incômodo, por exemplo, quadros de hérnia de disco ou dores nas costas. “Pensamentos e crenças negativas geram posturas hiperprotetoras, levando a compensações posturais que podem sobrecarregar as articulações e até agravar o quadro”, diz.
O coração, o sistema circulatório e a produção de hormônios que afetam o metabolismo também podem ficar comprometidos, de acordo com o cirurgião cardiovascular Edmo Atique Gabriel.
“Nas atuais circunstâncias de tensão que vivemos, a adrenalina se dá em doses elevadas na circulação, e ficamos constantemente sob tensão. Por sua vez, o cortisol vai atuar no estresse, favorecendo a crise hipertensiva, as arritmias e os edemas. É muito comum, em períodos de turbulência, as pessoas reterem mais líquido e ficarem mais inchadas”, explica.
Equilíbrio. Amplamente associados com a ansiedade, esse processo de pensamento negativo constante pode significar também um quadro de mania no qual a pessoa não consegue pensar de outra forma. E isso, segundo a especialista em nutrição biomolecular e ortomolecular Patrícia Alves Lara, já é quimicamente entendido e estudado. “O corpo tem processos químicos que instauram esse tipo de comportamento mental”, ressalta.
Um exemplo é a glândula timo. Esse órgão é responsável pela produção de células de defesa que, para se renovarem, dependem de substâncias neurotransmissoras que o cérebro produz, como a serotonina – responsável por gerar felicidade e bem-estar.
Uma das formas de se tentar reequilibrar o organismo pode estar em um prato de arroz integral, feijão, carne, salada e um copo de suco de limão, diz Patrícia. “Para diminuir o hormônio do estresse (cortisol), temos que consumir muita vitamina C (presente em frutas cítricas como limão e laranja) e muitas vitaminas do complexo B (em alimentos integrais, sementes, legumes e feijão). Parece fácil, mas é preciso vigilância constante”, afirma.
Exercício diário de consciência corporal evita autossabotagem
O ciclo que envolve os pensamentos negativos é cruel, pois, segundo a diretora da TAO Coaching, Raquel Couto, ao ter esse comportamento repetitivo, a pessoa passa a acreditar nos pensamentos negativos e faz de tudo para se boicotar, influenciando também nas atitudes e nas escolhas.
“É diferente da expectativa que, quando está alta demais, eu analiso para olhar o que pode dar errado e me preparar. No pessimismo, eu mal comecei a trilhar um caminho e já falo que vai dar errado. Aquilo que eu foco é exatamente o que expande”, afirma. Por isso, Raquel diz que é preciso fazer um exercício diário de consciência corporal e autoconhecimento para se conhecer e começar a se corrigir.(LM)
Flash
Feto. Estudo recente da revista norte-americana “Obstetrics e Gynecology” revelou que a depressão durante a gravidez não tratada aumenta o risco de alteração no crescimento do feto, segundo o médico Maurílio da Cruz Trigueiro.
Fonte: O Tempo