Onda de assaltos expõe falta de controle sobre quadrilhas.

O registro ontem do quinto assalto a residência em apenas quatro dias em Belo Horizonte e na região metropolitana expõe, segundo especialistas, a dificuldade das autoridades de segurança pública em retirar os criminosos da rua. "O Estado trabalha com medidas paliativas. É preciso identificar os criminosos e saber como essas quadrilhas se formaram, para poder prendê-las", disse o coordenador do grupo de pesquisa Direito e Sociedade da PUC Minas, Moyses Gonçalves. Para os especialistas, a continuidade dos ataques mesmo depois de prisões e da ampla repercussão dos casos mostra que a Polícia Militar não consegue controlar a ação das quadrilhas e, por isso, acaba apenas correndo atrás dos bandidos depois que os crimes já aconteceram. O comandante do 5° batalhão da PM, Lupércio Peres, culpa a população, que, segundo ele, deveria ter mais "atenção". "As pessoas é que precisam ter mais cuidado, porque os bandidos se aproveitam de portões abertos".

A reportagem tentou contato com os superiores do militar, os responsáveis por pensar o policiamento na cidade e no Estado – a comandante do policiamento da capital, Cláudia Romualdo, e o secretário de Estado de Defesa Social, Rômulo Ferraz -, mas eles se recusaram a falar. Buritis. O crime de ontem aconteceu por volta das 8h, no bairro Buritis, na região Oeste da capital. Dois homens armados invadiram um prédio de luxo e renderam o porteiro. Diante de ameaças, o funcionário foi até a cobertura e abriu um apartamento. Os ladrões fugiram, com a ajuda de um comparsa, levando um cofre com dinheiro e joias avaliados em R$ 100 mil. O porteiro foi amarrado e trancado no banheiro. O dono do apartamento, o administrador de empresas Paulo de Tarso, 52, soube do crime pela empregada, que encontrou a porta arrombada. "Eles sabiam onde estava o cofre e o horário em que não há ninguém em casa". Segundo a vítima, o apartamento está em obras. Os bandidos fugiram vestindo as roupas do administrador. A Polícia Militar informou que a ação de ontem não tem relação com os outros crimes, porque os ladrões tinham um objetivo específico. "Nos outros roubos, as vítimas eram escolhidas aleatoriamente", disse Lupércio Peres. Descontrole. Para especialistas, no entanto, as ações repetidas evidenciam que falta policiais nas ruas e ações de controle dos criminosos. Ao contrário do que diz o comandante, eles pontuam que os bandidos atacam sempre da mesma maneira, rendendo as vítimas nas proximidades das casas. "Não estão sendo tomadas medidas efetivas para combater o crime", disse o sociólogo Daniel Simas. A Polícia Militar informou que do efetivo total de 5.700 policiais, 5.100 trabalham no patrulhamento das ruas. A professora de sociologia e membro do Centro de Estudos de Criminalidade da UFMG Ludmila Ribeiro aponta que os criminosos descobriram a fragilidade dos moradores diante de ações armadas e têm se aproveitado disso. Ela afirma ainda que ações simples poderiam minimizar o risco aos moradores, como o treinamento de porteiros. "A vulnerabilidade cria essa onda de crimes. Poderia haver mais prevenção. Em Belo Horizonte, a polícia apenas conversa com os porteiros. No Rio de Janeiro, eles são treinados mesmo para agir em caso de assalto".

Comentários:

Bertone Tristão, Belo Horizonte: Não dá p/ contabilizar tudo na conta da polícia. O problema é que os PMs – via de regra – não têm lá muito preparo. Isso se reflete nas declarações que dão. Enquanto a política remuneratória não for suficiente, os mais preparados passarão ao largo da atividade policial.

Caparao, Manhumirim: Esse Coronel deve ter chegado a este posto em função do corporativismo que domina a PM. Entrou para o curso de oficiais, queira ou não, no máximo daqui a trinta anos será coronel, ….diferentemente do Exército.

Alberto Abreu, Ribeirao das Neves: ta precisando e tirar esses pm acima do peso que so ficam nas padarias comendo e colocar homem de coragem na pm. pm nao e lugar de medroso.

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