Obra foi feita com cimento ‘vencido’

Obra foi feita com cimento ‘vencido’ 
Consol afirmou ontem que falha da Cowan contribuiu para queda de viaduto

Publicado por Nathália Lacerda, em 26/05/2015
 

A Cowan, empresa responsável pela construção do viaduto Batalha dos Guararapes, na região Norte da capital, que desabou em julho de 2014 matando duas pessoas e ferindo outras 23, teria usado cimento vencido na obra. A afirmação foi feita ontem por Maurício de Lana, diretor-presidente da Consol Engenharia – empresa que elaborou o projeto da estrutura – durante audiência pública da Comissão de Transportes, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa. A constatação estaria no laudo da Polícia Civil e pode ter sido mais um agravante para a queda do viaduto.

De acordo com Lana, a mistura de cimento, areia e brita tem um tempo pré-determinado para ser usada em uma construção, e a norma não teria sido respeitada. O diretor da Cowan, José Paulo Toller Mota, assumiu o uso do cimento vencido, mas ressaltou que esse não seria o causador do desabamento.

A troca de acusações deu a tônica da audiência. “Em momento algum a Consol notificou a Cowan sobre alterações no projeto. Contratamos uma perícia para saber se as janelas (aberturas nos pilares) teriam causado a queda e a resposta foi negativa. Foi um erro de cálculo do bloco do Pilar P3 que ocasionou o desabamento”, rebateu Mota.

Análise. A norma 6.118 para projeto de estruturas de concreto da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabelece que a mistura feita com cimento deve ser usada até duas horas e meia após sua concepção, como explicou o engenheiro especialista em estrutura e perícia, Paulo Roberto Santana Silvino.

“O uso do cimento vencido é considerado pela engenharia um erro grave. Isso pode ter contribuído para queda, mas não deve ser considerado isoladamente. No caso da obra do viaduto, o fator preponderante para a queda da estrutura foi a ausência da armação correta para os blocos (pilares) e a não obediência de alguns requisitos do projeto”, disse.

Fonte: O Tempo