Notícias da imprensa: Movimento grevista afeta resolução de crimes em Juiz de Fora.

Movimento afeta a resolução de crimes, já que 50% dos serviços estão paralisados

Corredores vazios na 1ª Delegacia Regional

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A Polícia Civil entra hoje no 11º dia de greve, situação que tem refletido no atendimento à população, principalmente pela paralisação das investigações que estavam em andamento e suspensão da abertura de novos inquéritos. Com isso, a solução dos casos de crimes cometidos em todas as regiões da cidade vai sendo adiada. Conforme o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol) regional Zona da Mata, estão sendo mantidos 50% dos serviços essenciais em Juiz de Fora, como flagrante, cumprimento de alvará, perícia e emissão de carteira de habilitação. O plantão 24 horas da 1ª Delegacia Regional, em Santa Terezinha, funciona normalmente, assim como o atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica. O restante dos procedimentos, como tomadas de depoimento, intimações, representações, emissão de boletins de ocorrência e o andamento de investigações, está parado. A Polícia Civil não soube informar quantos inquéritos atualmente estão na delegacia, mas o Sindpol pretende planejar uma ação especial para colocá-los em dia após a greve.

Ontem, durante boa parte do dia, as salas se mantiveram trancadas, e pouca gente circulou pela delegacia. Ainda como forma de protesto, os delegados se negaram a discutir os dados de criminalidade durante a última reunião da Integração da Gestão de Segurança Pública (Igesp), esta semana.

Entre as reivindicações dos policiais civis, está o aumento do salário dos delegados, que recebem hoje, inicialmente, R$ 5.700. “O delegado, primeiro juiz da causa, o homem que vai dizer o direito dos fatos no calor dos acontecimentos, é desvalorizado em Minas Gerais”, disse o diretor do Sindpol, Marcelo Armstrong. A greve também visa equiparação salarial entre outras classes. “Os investigadores e escrivães ganham R$ 2.040 brutos, sendo que a função deles é de caráter técnico-jurídico-científico, a mesma do perito e do médico legista, cujos salários giram em torno de R$ 4.400, fora os 40% de risco de insalubridade”, completa o presidente do Sindpol.

Outras solicitações são a implementação de subsídio como forma de remuneração e a realização de concurso público, em razão do déficit de policiais. “O nosso efetivo atual, de 200 policiais, está igual ao que era na década de 1980. Porque, na década de 90, há 20 anos, nós tínhamos 400 policiais. Hoje temos a metade. A população quase que dobrou, a demanda em relação à criminalidade aumentou, mas o número de policiais civis diminuiu.” Em todo o estado, segundo cálculos do Sindpol, o déficit chega a nove mil policiais. Na cidade, a Zona Norte conta com apenas dois delegados e seis agentes e escrivães para atender a uma população de 150 mil habitantes.

No próximo dia 25, os manifestantes esperam uma resposta do Governo estadual sobre as principais reivindicações da categoria. “Se não houver resposta, podemos radicalizar o movimento e reduzir a prestação do serviço de 50% para 30%, o mínimo que prevê a lei em caso de greve”, ameaça Armstrong. A próxima assembleia da categoria está agendada para 8 de junho, em Belo Horizonte.

Com as investigações paradas, cidadãos têm procurado a Defensoria Pública para solicitar a abertura ou continuidade das investigações. “As pessoas estão tentando buscar, através da via judicial, aquilo que ainda está na fase que cabe à polícia”, disse o coordenador da Defensoria Pública em Juiz de Fora, Márcio Baesso. Ele explica que tem orientado a população sobre o papel da defensoria e pedido paciência para que os interessados aguardem o retorno das atividades normais da Polícia Civil.

 

Fonte: www.tribunademinas.com.br