Com escassez de leilões, pátios do Detran ficam superlotados
Os cinco pátios do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), em Belo Horizonte, estão com 350% de superlotação. O problema, que já é crônico, se agrava a cada ano com a burocracia do Estado, já que o número de carros guardados cresce, em média, 50% anualmente. Em contrapartida, o número de leilões para desafogar os pátios está mais escasso. Hoje, o Detran-MG encerra o leilão de 1.067 veículos dos cerca de 9.000 automóveis que estão abandonados.
Nos dois primeiros dias de arremates, todos os veículos foram comprados. Domingos Salvio Teixeira, diretor operacional da Logiguarda, empresa que administra os pátios, afirma que a venda total do lote mostra que há demanda e que o leilão é a única saída para baixar o acervo."Hoje, tem 9000. Cerca de 80% deles é sucata. Os leilões deveriam acontecer com mais frequência", disse Teixeira.
Os pátios abrigam automóveis com pendências ou recuperados em ações policiais. O delegado Ramon Sandoli, coordenador de Operações Especiais do Detran-MG, reconhece a superlotação, mas diz que o Estado está com dificuldade de realizar o leilão por causa da falta de leiloeiro oficial. "O Estado não está preparado para lidar com o número de carros nas ruas e a inadimplência dos motoristas", disse.
Domingos Teixeira explica que muitos carros têm uma dívida superior ao valor de mercado. Assim, seus donos não têm interesse de quitar a dívida.
"As pessoas pensam que é vantajoso para a administradora reter os carros, mas não é. O Estado não paga a mais pela superlotação. E, se o veículo é leiloado por um preço que não cobre a dívida, ficamos com o prejuízo da diária", explica.
Arremate não elimina dívida dos proprietários
O valor mínimo do lance, para algumas sucatas, chega a simbólicos R$ 2. Neste caso, o valor do arremate não é suficiente para cobrir as dívidas do proprietário com o Estado. De acordo com informações do Detran-MG, o antigo proprietário fica com o débito e passa a ter uma dívida ativa.
O preço mínimo dos lances é definido pelo próprio Detran. Após uma vistoria, o leiloeiro distribui os automóveis em duas categorias: recuperáveis e sucatas. Hoje, o carro mais caro será um Cross Fox, por R$ 12 mil.
O valor arrecadado é depositado em uma conta do Estado. A quantia é utilizada para quitar a dívida de impostos e da estadia do veículo no pátio do Detran. Caso haja sobra de dinheiro, o valor é entregue ao antigo dono. (Da Redação)
Flash
O dono de veículo apreendido e levado ao pátio paga uma diária de R$ 28. Todo automóvel pode ser leiloado, caso não seja retirado em 90 dias.
Fonte: Jornal O Tempo, 25 de abril de 2012