Briga entre policiais civis e militares termina em tiros
Uma briga de trânsito mal esclarecida entre dois policiais civis e um policial militar resultou em troca de tiros na avenida dos Andradas, uma das mais movimentadas da cidade, na altura do bairro Pompeia, na região Leste de Belo Horizonte. O fato ocorreu na tarde de anteontem, mas, até o fechamento desta edição, as duas corporações não haviam dado explicações concretas sobre as circunstâncias do atrito. O incidente é mais um dos muitos confrontos entre militares e civis no Estado. Eles são indício de que as corporações têm divergências que dificultam o processo de integração, iniciado em 2003 e hoje estagnado.
A Polícia Militar informou que o militar estava de folga e que teria se desentendido com dois civis que estavam em um Doblò. Testemunhas alegaram que, depois de uma discussão, houve disparos de tiros. As corporações não confirmaram a informação, mas também não esclareceram o que foi registrado em boletim de ocorrência.
A Polícia Civil se limitou a dizer que abriu procedimento para apurar se houve transgressão disciplinar, enquanto a PM caracterizou o fato como um "caso isolado, que não interfere na integração entre as polícias".
Questionada sobre o uso de armas fora do horário de serviço, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) disse que as duas corporações permitem o uso com base na Lei Federal 10.826. Segundo a Seds, em 2010, dez policiais de folga morreram após serem baleados. Em 2009, foram 15.
Exceção. Para o pesquisador e sociólogo Luiz Felipe Zilli, do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Estado deveria permitir, com o acompanhamento da Justiça, o uso de armas fora do horário de serviço somente em casos de policiais que estejam sofrendo ameaças. "Quando o policial está de folga, ele está sujeito a estresse, a perder a cabeça como qualquer pessoa. A diferença é que ele está armado, com todos os elementos para causar uma tragédia".
Contagem
Na rua. Em 2011, cerca de 150 policiais civis e militares se envolveram em uma pancadaria. As agressões e as ameaças começaram após uma discussão durante uma operação para prender sequestradores.
"Hoje, nós temos polícias com doutrinas diferentes. As duas estao juntas só no papel, mas não existe integração nenhuma", afirmou.
Para o sindicalista, os policiais precisam mesmo andar armados "porque podem se deparar com o crime a qualquer momento".
O major Gilmar Luciano, responsável pela assessoria de imprensa da Polícia Militar, foi procurado insistentemente para falar sobre o desentendimento entre os policiais civis e militares e sobre a integração das corporações, mas não respondeu. (KA)