Luta marcial durante expediente pode afastar delegado do cargo.

Luta marcial durante expediente pode afastar delegado do cargo

O delegado de Santa Luzia, na região metropolitana, que estaria dando aulas de artes marciais para os policiais no horário de expediente pode ser afastado do cargo.

A Corregedoria da Polícia Civil abriu inquérito para investigar o episódio, que pode gerar outras punições ao policial, caso seja provado que era cobrada uma taxa dos agentes para participar do "treino" obrigatório.

As aulas ministradas pelo delegado José Olegário de Oliveira foram suspensas na sexta-feira (14), após a chefia de polícia tomar conhecimento do que estava ocorrendo, por meio de matéria no Hoje em Dia.

"Encaminhei tudo para a Corregedoria e fiz contato com o chefe de departamento. Ele alegou que tinha autorizado apenas a prática de atividade física, desde que ela não afetasse o trabalho", disse, na sexta, o chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, Cylton Brandão. Ele afirma que o aprimoramento e o treinamento de policiais civis deve ocorrer na academia da corporação.

Taxa

"A cobrança de uma taxa e a obrigatoriedade da adesão também não estão corretas. O que queremos saber agora é se o chefe do departamento tinha conhecimento disso ou se autorizou sem saber os detalhes", explica Cylton Brandão.

O chefe da Polícia Civil garante que não sabia da prática, ao contrário do que afirmou o presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Denílson Martins, em entrevista, sexta, ao Hoje em Dia. "Temos que saber de fato o que aconteceu, até onde os delegados sabiam da situação e o que foi autorizado para chegar a uma conclusão sobre o fato", alega Cylton.
 
Assédio moral

O delegado José Olegário de Oliveira, titular da 1ª Delegacia de Polícia de Santa Luzia, está sendo processado pelos subordinados por assédio moral.

Os agentes estariam sendo obrigados a fazer aulas de artes marciais na casa dele. O delegado José Olegário de Oliveira foi procurado ontem, por telefone, na unidade policial, mas não foi encontrado.

Aval do chefe do 3º Departamento

Antes de começar a dar aulas no tatame instalado em casa, José Olegário de Oliveira teve o pedido indeferido pelo chefe da regional, Elias Oscar de Oliveira, conforme ofício a que o Hoje em Dia teve acesso. Mas assim que a solicitação chegou às mãos do delegado-geral responsável pelo 3º Departamento de Polícia Civil, Anderson Alcântara, a negativa do delegado Elias foi revogada. Em ofício enviado para a regional, Alcântara afirmou que, com relação ao fato de as aulas acontecerem no horário de expediente, "parece que se trata de uma exceção e que acredita que não haverá prejuízos para o atendimento público e para os serviços".

 

Fonte: Jornal Hoje Em Dia, 15 de setembro de 2012