Inteligência em risco na Copa.
Palco de um dos jogos das semifinais da Copa das Confederações, que começa neste sábado, e sob a mira de olhares atentos de torcedores e da imprensa do mundo todo, Minas Gerais corre o risco de fazer feio durante o evento no quesito segurança pública. Os planos para reforçar os serviços de inteligência e de investigação de ocorrências registradas em função dos jogos, anunciados pela Secretaria de Defesa Social (Seds) e pelo comando da Polícia Civil, podem ficar comprometidos por causa da greve dos policiais, iniciada ontem. O sindicato que representa a categoria já sinalizou que, se não houver um acordo com o governo de Minas até a próxima sexta-feira, a maior parte dos serviços será paralisada, mesmo diante da expectativa de aumento da demanda com o evento, que servirá de teste para o mundial de 2014.
Em nota, os órgãos informaram apenas que já abriram espaço para negociações e que os servidores têm até a próxima segunda-feira para apresentar suas propostas ao texto que revê a Lei Orgânica da Polícia Civil. O substitutivo, apresentado pelo Executivo à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na semana passada, é motivo de discordância entre o Sindicato dos Policiais Civis de Minas Gerais (Sindipol-MG) e o governo estadual.
No entanto, o sindicato alega que a secretaria não cumpriu o acordo de enviar até a tarde de ontem um documento firmando o compromisso de analisar as sugestões. Enquanto o impasse não é resolvido, apenas 30% dos cerca de 7 mil servidores da corporação vão continuar atendendo as ocorrências no período. Com isso, serão recebidos somente os flagrantes e casos envolvendo menores, idosos e relacionados à Lei Maria da Penha. “Não vamos abandonar as delegacias. Mas iremos diminuir o ritmo. O Código Penal diz, por exemplo, que o delegado deve acompanhar toda a ocorrência, mas isso não acontece hoje por falta de efetivo e para agilizar o atendimento. Então, a partir de agora vamos fazer como determina a lei”, relatou o vice-presidente do sindicato, Antônio Marcos Pereira. A estimativa é que o tempo de fechamento de uma ocorrência, que em casos mais complexos pode demorar até oito horas, dobre.
A situação é ainda mais preocupante no que diz respeito aos inquéritos. Com cerca de 120 mil procedimentos abertos em todo o Estado, o sindicato também anunciou que eles não serão relatados até o fim do movimento, que tem duração indeterminada. “Queremos chamar a atenção para o fato do país com a 4º maior economia do mundo ter uma polícia em condições piores do que a de países africanos”, disse Pereira.
Fonte: O Tempo