Gasto para prevenir é 6% do custo para manter traficante preso
O tráfico de drogas é o principal responsável pelas prisões, mortes e violência no país. Atualmente, os presídios mineiros têm mais de 26 mil enquadrados nessa modalidade – sozinha ou associada com outro delito –, o que representa 32,7% dos cerca de 81,5 mil crimes cometidos pela população carcerária. Para manter esses traficantes presos, o governo do Estado gasta, em média, R$ 624 milhões por ano, levando em conta que cada detento custa R$ 2.000 por mês. No entanto, os recursos para prevenção à criminalidade não têm a mesma grandeza e, em 2013, não chegaram a 6% desse montante – foram investidos cerca de R$ 33,8 milhões.
O poder do tráfico é o tema do terceiro dia da série “Cadeia do Crime”, em que O TEMPO mostra como as deficiências da segurança pública aumentam a violência. Se prende por esse crime no Brasil há 45 anos, desde quando os Estados Unidos declararam “guerra às drogas”, em 1971, e criminalizaram o uso, fazendo com que o consumo e as prisões crescessem bastante. Hoje, em todo o país, há cerca de 200 mil detidos por venda de entorpecentes. “Quase todos os homicídios têm relação com droga e brigas de gangues. Houve um aumento absurdo da criminalidade. O Brasil está gastando muito com o sistema prisional”, afirma o promotor da Coordenação Criminal Estadual, Marcelo Mattar.
Outro viés.O que alguns especialistas destacam é que a maioria dos que estão presos hoje por tráfico foi pega em flagrante praticando delitos para sustentar o vício. “Se todos esses 200 mil (presos no país) fossem mesmo traficantes, não tinha mais tráfico no país, porque estariam todos na prisão. O Brasil precisa mudar a política criminal em relação às drogas e tratá-las como um problema de saúde pública”, analisa o juiz do Maranhão Douglas de Melo Martins, especialista em sistema carcerário.
Escalões. Existem cinco níveis de cargos dentro das organizações criminosas, como explica o promotor da Coordenação Criminal Estadual, Marcelo Mattar. “O primeiro escalão está fora do país, no segundo estão os distribuidores que trazem a droga para o Brasil, os terceiros são os vendedores, como o Fernandinho Beira-Mar. O quarto é o dono e gerente da boca, e o quinto é quem entrega a droga para o usuário, aquele traficante de rua. No Brasil e em Minas só se prende esses dois últimos. Para prender os primeiros é preciso um trabalho de inteligência demorado”, explica.
Fonte: O Tempo