Em cada cem, 18 usam drogas.

Em cada cem, 18 usam drogas

Como se não bastasse ver um familiar se destruir por causa das drogas, muitos parentes de dependentes químicos ainda enfrentam a dor de não saber o paradeiro da pessoa querida. A cada cem desaparecidos no Estado, 18 são usuários de drogas, segundo dados da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida da Polícia Civil em Minas. Vários deles somem mais de uma vez e são encontrados dentro de favelas, consumindo entorpecentes e reféns de traficantes. Em média, todos os dias, dez pessoas somem sem dar notícia no Estado.

Há mais de um mês, Antônio Carlos da Silva, 53, está à procura do filho, Willian Amorim da Silva, 27, dependente químico que se tratava há dois anos e teve duas recaídas. “Enfrentamos o problema das drogas há mais de cinco anos, mas ele nunca ficou na rua por mais de quatro dias. A mãe dele não consegue dormir. Eu vou procurar pelo Willian até eu morrer”, disse o aposentado.


De acordo com o delegado Dagoberto Alves Batista, muitas vezes, o usuário desaparece porque está fugindo da polícia ou de traficantes. “Em alguns casos, eles são encontrados mortos ou envolvidos com crimes ligados à droga”, explicou. Segundo ele, também acontece de os usuários serem encontrados dentro de aglomerados, mantidos em cárcere privado ou trabalhando para traficantes, em troca da droga.


“Para conseguir consumir (o entorpecente), eles acabam tendo que trabalhar para o tráfico, porque ficam devendo (ao traficante). Já achamos pessoas bem de vida, como filho de médico, na pedreira Prado Lopes usando droga”, destacou o policial.


Os familiares de Enilson Weder da Silva, 28, esperam pela sua volta há um ano e quatro meses. Ele deixou a mulher e dois filhos pequenos em casa, saiu para procurar apartamento para alugar e não retornou mais. Como Silva tem histórico de usuário de drogas, a família acredita que ele esteja consumido droga em algum lugar. “Ele pode estar devendo a alguém, com vergonha de voltar ou desorientado. Passa tanta coisa na nossa cabeça”, disse a irmã dele, Darley da Silva, 26.


Especialista. Ainda não é possível apontar relação direta entre a droga e o desaparecimento, segundo o sociólogo Luís Flávio Sapori, coordenador do Centro de Pesquisa em Segurança Pública da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). “A pessoa vai para as ruas usar droga, mas sempre mantém contato com a família. O sumiço pode ser muito mais por causa de um conflito familiar do que pelo consumo em si”, defendeu.

Protesto pede que Emilly seja encontrada

Alunos da escola que Emilly Ferrari, 7, estuda, em Rio Pardo de Minas, no Norte do Estado, fazem hoje a segunda passeata para pedir que a polícia encontre a menina, desaparecida desde o último dia 4, quando brincava na porta de casa.

A Polícia Civil da cidade informou ontem que buscas, diligências e análise de depoimentos ainda são feitas, e que não há novidades. A corporação acredita na hipótese de que Emilly tenha sido raptada.

Moradores ainda espalham cartazes da menina por toda a cidade. No último domingo, Dia das Mães, seria a festa de aniversário dela, que completa 8 anos na próxima sexta-feira. (JS)

 

Fonte: O Tempo