A falta de efetivo da Polícia Civil de Minas Gerais voltou ao centro do debate na Assembleia Legislativa (ALMG), em audiência da Comissão de Segurança Pública realizada nesta segunda-feira (29/9). O Sindpol/MG, representado pelo presidente Wemerson Oliveira e pelos diretores Vander Gomes e Vânia Corrêa, marcou presença e fez duras críticas à política de sucateamento imposta pelo governo de Romeu Zema.
Segundo dados apresentados pelo Sindpol, em 2018 havia 6.577 investigadores de polícia em Minas. Hoje, restam apenas 5.885. A Lei Orgânica da corporação prevê 17.517 policiais civis, mas o estado conta com apenas 9.851 servidores em todo o território mineiro.
“O problema do déficit de efetivo é crônico, mas nunca esteve tão grave como agora. Esse governo permitiu que a situação se agravasse a níveis insustentáveis. O policial civil está sobrecarregado, adoecendo e sem condições de atender a população como deveria”, denunciou o presidente do Sindpol, Wemerson Oliveira.
Para o Sindpol, a alegação do governo de que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) limita contratações não pode servir de desculpa para manter delegacias vazias e investigações comprometidas. Enquanto o Executivo anuncia concursos tímidos, as aposentadorias e exonerações corroem ainda mais o quadro.
Em algumas cidades, a situação é dramática: em Itinga, no Vale do Jequitinhonha, cortada pelo rio que divide áreas dominadas pelo Comando Vermelho e pelo PCC, uma simples estagiária da prefeitura realiza oitivas em uma delegacia sem delegado, investigador ou escrivão.
“Quem perde com isso não é apenas o policial civil, que já está estafado. É toda a população mineira, que fica refém da criminalidade e da falta de estrutura para investigar e combater o crime”, completou Wemerson.
O sindicato reforçou que as nomeações anunciadas pelo governo estão muito aquém da real necessidade da corporação. Hoje, investigadores, escrivães e delegados acumulam funções de dois ou três servidores, enfrentando jornadas exaustivas e adoecendo em decorrência da sobrecarga.
O Sindpol/MG seguirá cobrando do governo estadual medidas concretas para recompor o efetivo e valorizar os policiais civis. Para o sindicato, o sucateamento imposto pela atual gestão não é fruto apenas de limitações legais, mas de falta de vontade política de Romeu Zema em investir na Polícia Civil.