Anúncio de Pimentel inquieta militares
O governador eleito Fernando Pimentel (PT) alterou ontem o programado, que estava previsto para o próximo dia 15, e anunciou o primeiro nome de seu futuro secretariado. Entusiasmado com as homenagens feitas por delegados da Polícia Civil, Pimentel retribuiu improvisando o anúncio durante almoço com o segmento que dedicou-lhe apoio durante a campanha eleitoral. Assim, o deputado federal e líder do PR na Câmara, Bernardo Vasconcellos, mais conhecido como Bernardo Santana – sobrenome herdado do pai (ex-deputado José Santana, hoje, vice-presidente do BDMG) –, que estava presente, e virou o primeiro da lista. Será secretário da Defesa Social (segurança pública).
A reação foi imediata e provocou repercussões diversas. Para alguns, Pimentel começou errando pelo fato de anunciar o secretário de uma área complexa e sensível sem planejamento prévio. Ou seja, sem a presença do outro lado; os policiais militares e o oficialato se sentiram desprestigiados, já que o futuro comandante da segurança pública seria “mais amigo” (e o governador também) da outra corporação. É claro que não é algo insolúvel, mas outras repercussões contestaram a experiência e a capacidade do deputado para o setor no qual todos têm grande expectativa de respostas imediatas. “É uma área em que você pisa em ovos todo o tempo”, observou um.
No mesmo evento, Pimentel adiantou que pretende um trabalho integrado para o setor, incluindo, além das Polícias Militar e Civil e a Federal, o Ministério Público, a Defensoria Pública e o Judiciário, sem o qual não haverá avanço. Além disso, é necessário grande investimento em equipamento e capacitação em um setor que, dizem, estaria faltando até gasolina para as viaturas. Santana nada falou, mas saiu de lá tão prestigiado quanto o próprio governador diante dos policiais.
Das repercussões favoráveis, destacaram o perfil do diálogo, da conciliação e da habilidade política de Santana para conduzir o segmento, que deixará para os comandantes das duas corporações a tarefa de gerenciar a tropa. O nome do coronel Marco Bianchini, ex-ajudante de ordens quando Pimentel foi prefeito de Belo Horizonte, voltou a figurar como bem cotado para o Comando da PM. Foi dele iniciativas na Prefeitura como a polícia comunitária e de aproximação com a sociedade.
Transição preocupa
No encontro com os policiais, Pimentel voltou a manifestar preocupação com a realidade econômica do estado após a liberação de relatórios oficiais. “A situação não é boa”, reafirmou, ainda convencido de que a verdadeira realidade só conhecerá após a posse. Ontem, sua equipe de transição solicitou ao governo atual informações sobre dois decretos do governador. Um deles, unificou os fundos, como o da previdência do servidor, ao caixa único e outro autoriza pagamentos fora do Siafi.
Sejam quais forem os números, tão grave quanto isso é o insucesso da transição, que mantém o atual governo e o futuro em campos opostos e em clima de desconfiança. Hoje, haverá a primeira tentativa de superação desse impasse na Assembleia Legislativa, onde será colocado em votação o projeto que reduz o ICMS do etanol em cinco pontos percentuais e aumenta o da gasolina em dois. Pimentel não é contra o projeto, mas está desconfiado de emendas (33) apresentadas e com o caráter estranho de algumas delas.
PMDB apoia PSDB
Por 10 votos a 6, o tucano Rodrigo Matos venceu, com apoio do prefeito de Juiz de Fora, Bruno Siqueira (PMDB), Ana Rossignolli (PDT), que teve apoio do PT, na disputa pela presidência da Câmara Municipal da cidade.
Fonte: Hoje em Dia – Coluna Orion Teixeira