Depois de idas e vindas, o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), informou ontem que o 13º salário dos servidores estaduais ativos e inativos será pago em 11 parcelas a partir do mês de fevereiro. “Essa foi a única forma que encontramos, parcelá-lo em 11 vezes”, disse o governador em um vídeo postado em suas redes sociais.
Zema explicou que as parcelas serão pagas no primeiro dia útil após o dia 20 de cada mês. Ainda no vídeo, o governador ressaltou que a “situação do Estado que já era ruim, ficou pior”, se referindo à tragédia de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. O governador ainda destacou que ele e sua equipe “estão trabalhando duro e muito para tirar Minas do vermelho”.
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público do Estado de Minas Gerais (SindPúblicos-MG), Geraldo Henrique, classificou a medida como “decepcionante e muito injusta”. “Vejo isso com uma preocupação muito grande, principalmente para aqueles que recebem salários menores. Parcelar em 11 vezes você está tratando desiguais como iguais”, reclamou.
Segundo o sindicalista, o governo do Estado deveria ter pensando melhor e avaliado a situação dos servidores que recebem vencimentos menores: “Já que está com essa dificuldade toda, que pagasse quem ganha até R$ 2.000 em apenas duas parcelas, por exemplo. Quem ganha menos é quem mais sofre. É muito difícil essa situação”, disse o dirigente sindical.
Ele afirmou entender que o Estado enfrenta uma crise fiscal, mas declarou que o não pagamento do 13º salário não se dá “por falta de dinheiro”. “Dinheiro tem porque está entrando dinheiro do IPVA, o governo do Estado não tem mais bloqueio junto ao governo federal… O problema não é financeiro. Eu acredito que é mais a questão de prioridade do que vai pagar. Não estou dizendo que o Estado saiu da situação que está, mas ele recebe recurso o ano inteiro. Ainda mais em janeiro, que é mês de pagamento do IPVA”, disse.
Após o anúncio, o vice-presidente do Sindicato da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol-MG), Marcelo Armstrong, contou que está previsto para a próxima sexta-feira um ato conjunto dos sindicatos do Estado para cobrar o 13º e o pagamento integral do salário. “O governo está de brincadeira né? Isso é um desrespeito muito grande com a categoria. Nós estaremos na porta da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, na posse dos deputados estaduais para cobrar nossos direitos do governador e dos parlamentares. O servidor não aguenta mais viver endividado”, disse.
No último domingo, enquanto visitava às vítimas da tragédia em Brumadinho, na região Metropolitana de Belo Horizonte, no Hospital João XXIII, Zema foi interpelado por uma servidora, que cobrou um posicionamento do chefe do Executivo sobre a bonificação de Natal. “Muito prazer, sou a Eliana, sou funcionária do João XXIII, 37 anos de Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig). Precisamos do nosso 13°, governador”, disse a servidora. Zema respondeu que o anúncio seria feito ontem.
Os servidores esperavam esse comunicado na última sexta-feira mas, em razão do rompimento da barragem da Vale na Mina do Córrego do Feijão, o anúncio foi adiado.
HERANÇA. O não pagamento do 13º salário dos servidores é uma herança do ex-governador Fernando Pimentel (PT). Com a grave crise fiscal enfrentada pelo Estado, os servidores não recebem a bonificação natalina de forma integral desde 2015.
Em 2016, o valor foi depositado em até três parcelas tendo sido a última paga no final do mês de março do ano seguinte. Já em 2017, o governo dividiu o 13º salário em até quatro vezes, sendo que o último deposito foi feito em abril do ano passado.
Fonte: Jornal O Tempo