A aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2026, ocorrida nesta semana na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), reacendeu o debate sobre as prioridades do governo estadual. O texto, enviado pelo governador Romeu Zema (Novo), prevê R$ 25,2 bilhões em renúncias fiscais — montante que corresponde a mais de 26% da arrecadação estimada de ICMS para o ano que vem. Zema aumentou em R$ 150 milhões a quantidade de renúncias fiscais na comparação entre os orçamentos dos anos de 2025 e 2026.
Em contrapartida, o orçamento destinado à Polícia Civil representa apenas 0,13% do total do Estado. Para o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol/MG), o contraste revela um cenário de abandono da segurança pública, especialmente no que diz respeito ao trabalho de investigação criminal.
“Enquanto o governo aumenta as isenções fiscais, os policiais civis seguem sem efetivo, sem estrutura e sem valorização. A realidade das delegacias é precária, e faltam condições mínimas para o exercício da função”, afirma o presidente do Sindpol, Wemerson Oliveira.
Segundo o sindicato, o orçamento da Polícia Civil permanece estagnado, apesar do crescimento da criminalidade e da sobrecarga dos servidores. Viaturas com manutenção precária, falta de combustível, cortes no pagamento de diárias e unidades com acesso limitado a água potável e internet são problemas recorrentes.
Outro ponto levantado pela entidade é o contingenciamento de 15% imposto pelo Executivo, que retirou mais de R$ 31 milhões do custeio da instituição somente em 2025. “Zema diz que o Estado está quebrado, mas abre mão de bilhões em receitas e não repõe o quadro de servidores da Polícia Civil”, critica Oliveira.
Para o Sindpol, a falta de investimentos compromete a capacidade de resposta do Estado frente ao avanço da criminalidade, especialmente em áreas como o combate ao tráfico de drogas, golpes contra idosos e crimes cibernéticos.
O sindicato afirma que continuará denunciando o descaso com a Polícia Civil e cobrando do governo estadual a recomposição salarial, a realização de concursos públicos e a garantia de condições dignas de trabalho para os policiais.