Vice-Presidente do SINDPOL/MG mais uma vez publica artigo e fala do sucateamento da Polícia Civil
Como operador de segurança pública há mais de 30 anos, tempo este em que trabalhei a maior parte nas unidades operacionais da Polícia Civil (Furtos e Roubos, Divisão de Entorpecentes e Anti-Sequestro), ou seja, na linha de frente do combate à bandidagem, arriscando a vida para defender a sociedade. Estou à frente do sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais desde 01/07/2003 até os dias atuais, militância sindical esta que tem ampliado e muito minha capacidade de analise do cenário político, econômico, ideológico social e ideológico partidário, em que chego através de um olhar holístico e crítico à concluir que os operadores de segurança pública em Minas Gerais apesar de ostentar a fama de melhor polícia do Brasil, não tem tido o devida consideração e respeito por parte dos Governos deste Estado de M.G., especialmente no período de 2003 a 2011 (Governadores do Partido Social Democrático Brasileiro- PSDB).
Em razão deste estado de abandono só nos resta irmos à luta pela busca de dias, melhores salários e condições dignas de trabalho, utilizando de nossa Operosa Entidade SINDPOL/MG, para juntos entidade e categoria profissional desencadearmos diversas ações seja no plano político, seja no plano jurídico, objetivando sensibilizarmos o Governo do Estado de M.G., para que este estabeleça uma reengenharia organizacional de Secretarias, órgãos Públicos, para que o Estado tenha uma margem de recursos públicos estaduais consideráveis para investir no resgate da dignidade da Instituição Polícia Civil mineira, bem como construa uma política remuneratória para os operadores de segurança pública que prestigie a escolaridade exigida para a investidura no cargo, bem como a complexidade das atribuições estabelecidas para os cargos, utilizando de método humanitário que não distancie por demais os vencimentos básicos iniciais de cada carreira, tendo como teto dos vencimentos dos Policiais Civis o valor pago a título de subsídio ao governador do estado.
Na atual conjuntura amargamos receber o 3º pior salário pago pelos estados brasileiros a policiais civis, perdão pela redundância, mas, não temos sequer a mínima estrutura de logística, uma vez que temos delegacias funcionando em míseras lojas de destinadas à pratica do comércio, enquanto a cada dia é construído um novo batalhão de Polícia Militar, o quadro de lotação de policiais civis é o mesmo desde a década de 1989, enquanto a densidade populacional no nosso estado de Minas Gerais cresceu assustadoramente, o índice de criminalidade atinge patamares inconcebíveis e inaceitáveis pela sociedade, uma vez que apesar do vultuoso número de policiais militares (cerca de 55.000) cinqüenta e cinco mil PMS, a realidade dos fatos nos mostra que os crimes não estão sendo prevenidos como deveriam ser, o cidadão de bem se enjaula entre as grades de sua residência, e a Instituição que realmente poderia resgatar o senso de segurança do cidadão através de ações investigativas qualificadas, elucidando os crimes que não foram evitados pelos PMS, levando os criminosos às barras dos tribunais é relegada á miserabilidade institucional, batendo de porta em porta de prefeituras com pires na mão esmolando a disponibilização de servidores municipais para desempenharem sem a devida qualificação as funções de Escrivães Adhoc, Investigadores Adhoc, vistoriadores de veículos Adhoc, comprometendo a qualidade dos serviços prestados aos mineiros e por conseqüência denegrindo sobremaneira a imagem e a credibilidade institucional da Polícia Civil de MG.
Nos esforçamos para prestar um razoável serviço ao cidadão mineiro que paga seus impostos em dia, entretanto, não podemos dar o que não temos (salário justo, boa estrutura, contingente adequado), uma vez que falta tudo para a Polícia Civil, falta inclusive vontade política aos governantes de MG, para que valorizando e estruturando a Polícia Civil, possamos promover uma verdadeira caçada aos políticos corruptos, aos traficantes da zona Sul (burguesia), aos ladrões de colarinho branco e camisa de botões como dizia um ilustre professor de criminologia da ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CAMARA, e ainda aos cheiradores de cocaína em sua grande maioria de classe média alta, e só depois cuidarmos dos ladrões de galinha, dos vadios e mendigos, das vítimas do crack que em sua grande maioria são oriundas de classes sociais pobres e miseráveis, aí sim, acredito que conquistaremos um Estado mais tranquilo e melhor de se viver.
Porém, nos parece que estrategicamente os governos e os outros poderes Legislativo e Judiciário não têm interesse em valorizar e promover a reestruturação das Polícias Civis dos Estados, pois eles parecem não ter real interesse em uma Polícia Civil republicana, haja vista as perseguições que o delegado Protógenes Queiroz sofreu ao prender alguns figurões do poder econômico, poder judiciário, legislativo, executivo municipal e outros, através de ações investigativas realizadas pela nossa co-irmã a Polícia Federal do Brasil. Chega de perseguições institucionalizada aos pobres, aos negros, aos índios, aos GLSBT, aos movimentos sociais, liberdade ainda que tardia pois se igual formos, seremos uma ameaça aos poderes constituídos, porque, já dizia Tiradentes, este também vítima da perseguição aos pobres institucionalizada no Brasil desde os tempos do império. Sonhamos com o tempo em que passaremos a sermos mais altivos, proativos e independentes, ambiente este que mudaria a cultura de investigar somente o 3 Ps. (prostitutas, negros e pobres) e voltaríamos nossas atenções aos verdadeiros bandidos, que surrupiam os cofres públicos, ou seja os que estão blindados pelo poder econômico, imunidade parlamentar e apadrinhamento através de “doações voluntárias” para as caixinhas de campanhas políticas. Infelizmente, me recobro do sonho e vejo que a realidade é por demais dura e mais uma vez teremos que ir para as ruas para protestar pelos baixos salários, fazendo Assembleias Gerais da Categoria, passeatas, queimas de caixões, para desta forma chamarmos a atenção do 4º poder a imprensa, pois só assim daremos a devida informação aos cidadãos mineiros, sabemos também, que causaremos transtornos no transito, atrasos ao cidadão, e por isso pedimos desculpas a todos os mineiros, esperando que estes compreendam que uma polícia melhor remunerada e valorizada resultará em mais segurança e justiça aos mineiros.
Finalizando, agradecemos a Deus por sermos pares de policiais civis que lutam em um movimento de classe legalista, organizado e pacífico, nos moldes estabelecidos na Constituição Democrática e Social Brasileira e legislação infra constitucional, juntos somos mais que vencedores, que a graça e a misericórdia do Deus altíssimo nos governe e ilumine, Amém. Saudações Sindicais a todo cidadão mineiro.
Artigo publicado no Jornal Hipercentro e Grande Minas.