Uma mentira cem vezes dita, torna-se verdade
Esta afirmação foi dita e propagada no auge do Nazismo, na Alemanha de Hittler por Joseph Goebbels, responsável pela propaganda do Reich entre 1939 e 1945.
Ironicamente percebemos que a orientação técnica de comunicação de massa feita pela Secon – Secretaria de Comunicação do Governo de Minas Gerais – é a mesma “Quanto maior a mentira, mais se acredita nela”. No tocante a política de integração das policias civil e militar de Minas Gerais. A integração das polícias em Minas, só é favorável a Polícia Militar, em razão do tratamento preferencial dado pelo Governo do Estado a mesma. A Polícia Civil, renegada a um segundo plano pelo Governo do Estado, padece por falta de respeito e de um tratamento igualitário em relação à PM para que a Polícia Civil possa prestar serviços com maestria e excelência, no cumprimento do seu papel constitucional de executar as atribuições de Polícia Judiciária (investigação).
No ano de 2007, este que subscreve, em reunião na sede de Secretaria de Defesa Social, com o atual Governador do Estado, Antônio Anastasia, que naquele ano acumulava as funções de Vice-governador, Secretário de Defesa Social e Secretário de Administração (Seplag), alertou ao mesmo que o Estado poderia fazer concursos para um milhão de soldados e ainda assim, o crime não diminuiria, pois ainda que colocassem um milhão de soldados em cada esquina de Minas Gerais, seria uma medida paliativa”. No meu entendimento, o que coíbe o crime, especialmente crimes praticados por organizações criminosas, homicídios complexos, crimes financeiros, tráfico de drogas dentre outros de maior potencial ofensivo, é um trabalho de investigação bem feito, isento e profissional, atribuição esta, que é feita constitucionalmente pela Polícia Civil. Entretanto, vale ressaltar, que para o bom desempenho da atividade de Polícia Judiciária, para que sejam dadas respostas satisfatórias à sociedade mineira, é necessário que a Polícia Civil receba igual tratamento por parte do Governo do Estado, tal qual é dispensado à Polícia Militar, mas infelizmente, o que tem ocorrido é uma vergonhosa predileção ao aparato militar do Estado, desde a primeira gestão do governador Aécio Neves, até os dias de hoje.
Para reforçar as idéias acima expostas cito algumas distorções: A Polícia Civil hoje tem em seu quadro efetivo de pessoal menos de 8.000 operadores, entre Delegados, Investigadores, Escrivães, Peritos e Médicos Legistas, para fazer frete à burocracia produzida por um contingente de 50.000 militares que operam no Estado, os quais dispõem de quartéis padronizados, onde primam pela limpeza, salubridade, localização estratégica, plano de seguridade social e assistência médica privilegiado (IPSM) e de outro lado encontramos a Polícia Civil completamente sucateada, com delegacias insalubres, prédios improvisados, algumas delegacias funcionam inclusive em lojas comerciais, viaturas sem manutenção adequada, além da falta mínima de logística (papel higiênico, tonner, papel A4, filmes para fotografar locais de crimes, luminol para perícias, dentre outros).
Conclui-se, portanto, que não se pode dar aquilo que não tem. Não tinha a intenção de ser vidente, ou apologista da desgraça, quando alertei, naquele momento, o atual Governador do Estado, mas os últimos dados dos índices de crescimento dos crimes em MG, são inquestionáveis, ou seja, o modelo falhou.
Em alusão à frase que leva o título deste artigo, é bom lembrar a sociedade mineira que a indução praticada pela máquina de propaganda nazista, levou à sociedade alemã a uma miopia em relação à verdade, consumando com um dos maiores erros praticados pela humanidade (holocausto), resguardadas as devidas proporções, no tocante à integração das polícias em Minas, a técnica de manipulação da realidade é a mesma utilizada pela Secretaria de Estado da Comunicação deste Governo, que poderá levar também à sociedade mineira a um grave erro de avaliação, ao tentar tornar verdade a farsa de que o modelo de integração das duas polícias em Minas Gerais existe e tem dado certo.
Conluie-se mais uma vez, de que tal modelo não é exemplo para o Brasil e que, a sociedade civil organizada deve pressionar os poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, para que tenham a coragem de alterar o art. 144 da Constituição Federal e instituir um modelo de Polícia unificada com um efetivo uniformizado e desmilitarizado, e outro seguimento especializado em investigações criminais.