O Sindpol/MG, através de sua diretora executiva de assuntos da mulher Margareth Dionísia, participou do Ciclo de Debates do Dia Internacional da Mulher, que teve como tema Mulheres contra a violência: Autonomia, Reconhecimento e Participação, realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Segundo a diretora Margareth, o ciclo de debates abordou diversas situações de violência contra as mulheres, motivadas por questões de raça, orientação sexual, faixa etária, situação de privação de liberdade, mulheres do campo e da floresta, quilombolas e profissionais do sexo. “Durante as palestras refletimos sobre os avanços obtidos nas políticas de prevenção e proteção contra a violência do gênero, tendo em vista os 10 anos da Lei nº 11.340 de 7 de agosto de 2006, a Lei Maria da Penha”, afirmou a diretora de assuntos da mulher.
Homicídio contra mulheres é desafio em Minas Gerais
Se Minas Gerais fosse um país, ocuparia o sétimo lugar no mundo no ranking de homicídios de mulheres. Em 2013, o Estado registrou 4,2 mortes para cada grupo de 100 mil mulheres, índice pouco menor que a média nacional, de 4,8, que coloca o Brasil no 5º lugar na escala mundial. Dados alarmantes sobre essa realidade foram apresentados na última quarta-feira (2/3/16), na abertura do Ciclo de Debates do Dia Internacional da Mulher – Mulheres contra a Violência: Autonomia, Reconhecimento e Participação, realizado no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
O Mapa da Violência 2015, com as estatísticas dos homicídios de mulheres no Brasil, foi apresentado pelo professor Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da Área de Estudos sobre Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). O documento é amplo, usa informações oficiais de várias fontes e revela, segundo o professor, uma “carnificina”, com dados inaceitáveis. “A epidemia de dengue não mata um décimo do que mata a violência. Mas não há a mesma mobilização e nem orçamento para conter isso”, comparou.
De acordo com o levantamento, Minas Gerais também reagiu de forma diferente à de muitos estados após a sanção da Lei Federal 11.340, de 2006, a Lei Maria da Penha. No Sudeste, por exemplo, todas as demais unidades da federação registraram quedas maiores de 10% nas taxas de homicídio, enquanto em Minas, a taxa subiu quase 6% entre 2006 e 2013. Na série histórica ampliada, porém, Minas deixa a 15ª posição, em 2003, para ocupar a 22ª em 2013 noranking da violência, mesmo com crescimento do índice de homicídios. “Outros estados tiveram altas ainda maiores”, observa Julio Waiselfisz.
Belo Horizonte registrou, em 2013, taxa de homicídios maior que a média do Estado. Mas o professor observa que os índices na capital vêm caindo na série histórica – como em todo o Sudeste –, revelando uma interiorização da violência. Entre os municípios mineiros, há um destaque negativo para Buritizeiro, no Norte de Minas, que aparece entre os dez com maior taxa de homicídios no Brasil. Foram considerados municípios com mais de 10 mil mulheres. O ranking de Minas tem, na sequência, Conceição das Alagoas e São Joaquim de Bicas.