Sindicalistas fazem ato contra novas regras de benefícios

Sindicalistas fazem ato contra novas regras de benefícios

Para protestar contra as novas regras da concessão de benefícios trabalhistas, cerca de 400 sindicalistas protestaram no centro de São Paulo, em frente à superintendência regional do trabalho na cidade. O ato reuniu dirigentes das centrais sindicais CUT, Força Sindical, UGT e outras, menores, que se uniram para pedir que o governo recue e que volte a usar os critérios antigos para concessão de seguro-desemprego.

Os dirigentes que fizeram discursos no carro de som lembraram diversas vezes a frase "nem que a vaca tussa", que a presidente Dilma disse em setembro do ano passado, durante a campanha, ao ser perguntada se iria fazer reformas trabalhistas que reduzissem os direitos dos trabalhadores.

No último sábado (28), passaram a valer algumas das novas normas. As alterações foram feitas nas concessões de pensão por morte, auxílio-doença e seguro-desemprego -essa última é a principal reclamação dos dirigentes sindicalistas.

Antes, podiam solicitar o seguro-desemprego as pessoas que tivessem trabalhado durante os seis meses anteriores à demissão. Agora, só têm direito os que ficaram empregados por 18 meses nos últimos dois anos.

O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, afirma que com a mudança da regra, 8 milhões de pessoas atualmente empregadas ficam impossibilitadas de pedir o benefício se forem demitidas. Ele afirma que o dado aparece em um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

O Ministério do Trabalho calcula que se a norma já estivesse valendo no ano passado, 26% das pessoas que conseguiram o seguro-desemprego não teriam conseguido.

"O governo alega que está corrigindo distorções, mas o Dieese aponta que as distorções são de 0,5% do total de concessões. Isso parece um médico que, para curar a dor de cabeça de um paciente, resolve decapitá-lo", afirma Torres.

Sérgio Nobre, secretário-geral a CUT (Central Única dos Trabalhadores), também presente no ato, disse que os trabalhadores do comércio e da construção civil serão os mais atingidos, porque nesses setores há mais rotatividade e é comum contratar por períodos entre seis meses e um ano.

Os sindicalistas querem pressionar o Congresso para que as medidas provisórias que estabeleceram as novas regras não sejam aprovadas. A votação está prevista para acontecer no dia 24 de março. Na véspera, os dirigentes pretendem fazer uma greve de um dia em distintos setores, como fábricas, transportes e comércio.

Segundo a Força Sindical, nesta segunda (2) também aconteceram protestos em Salvador, Recife e Cuiabá. Foi o segundo ato contra as novas regras de concessão de direitos trabalhistas.

Fonte: O Tempo