Entidades de classe ligadas à segurança pública realizaram uma reunião ontem na Cidade Administrativa, a segunda em duas semanas, exigindo do governador de Minas, Romeu Zema (Novo), soluções para três pontos que garantem não abrir mão de jeito nenhum: pagamento do salário no quinto dia útil; quitação do 13º salário de 2019 ainda neste ano; e a reposição das perdas inflacionárias acumuladas ao longo dos últimos quatro anos.
Com o posicionamento firme apresentado no encontro, os secretários de Governo, Custódio Mattos, de Segurança Pública, general Mário Araújo, e de Planejamento e Gestão, Otto Levy, que participaram da conversa, pediram um prazo para levar as demandas diretamente ao governador. Dessa forma, agendaram um novo encontro para a próxima segunda-feira.
Porém, mesmo que haja uma solução positiva para o caso, uma manifestação está marcada para o próximo dia 22, às 14h, também na Cidade Administrativa, onde são esperados pelo menos 10 mil servidores da área, já que todos os sindicatos estão mobilizados e convidando seus filiados.
“Vamos fazer a ocupação da sede do Palácio Tiradentes, são mais de 30 delegações vindo do interior. O secretário (Custódio Mattos) chegou a falar que não tem como trabalhar sendo intimidado, mas não estamos intimidando ninguém, estamos apenas avisando o que vai acontecer”, afirmou o deputado estadual Sargento Rodrigues (PTB), um dos principais interlocutores da classe do meio político e que também participou da reunião.
Por meio de nota, a Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (AOPMBM) não cravou que uma paralisação possa ocorrer caso as exigências não sejam plenamente atendidas, mas deixou em aberto o próximo passo. “Ainda é precoce afirmar o que vai ocorrer, até porque acreditamos que o governador tem ciência do poder de mobilização da nossa categoria e da nossa importância para manter a governabilidade no Estado,” defendeu o coronel Ailton Cirilo, presidente da associação.
Em sua sétima negociação sobre o tema com diferentes governos, Rodrigues afirmou que, no atual momento, não há possibilidade de recuo e que já está acostumado a ouvir que o governo não tem dinheiro, o que fará com que a classe se desmobilize.
“Ninguém vai arredar o pé. Essa missão (de fazer a interlocução) coube a mim e ao deputado federal subtenente Gonzaga (PDT) pela experiência que temos. Não vamos discutir números com o governo, não é papel nosso. O que estamos pedindo é a aplicação da Justiça. Deixamos claro que a pauta é essa e queremos uma proposta do governo”, disse.
Diálogo
Perguntado sobre a chance de paralisação da classe, o Executivo confirmou a reunião de ontem por meio de nota e afirmou que isso “demonstra que o governo está aberto ao diálogo junto aos servidores estaduais”.
Drama
Apesar de reconhecer que o governo atual herdou um imenso problema financeiro, um dos interlocutores da classe, o deputado Sargento Rodrigues afirma que esse é o ônus que se tem após vencer uma eleição, e, por isso, não interessa análise de números do governo Zema. Ele contrapõe outros dados que não aparecem, ligados ao que passa o servidor do setor.
“Esses números (de receita e crédito do Executivo) não servem para nós porque, se formos relatar o número de suicídios crescente, o adoecimento pela sobrecarga de trabalho e os três anos e oito meses de parcelamento salarial… Isso levou todos os servidores da segurança pública a um completo endividamento. O pessoal suporta até certo ponto, mas está explodindo tudo agora”, completou.
Fonte: Jornal O Tempo