Em entrevista ao programa Café com Política, do jornal O Tempo, o presidente do Sindpol/MG, Wemerson Oliveira, acusou o governador Romeu Zema (Novo) e o vice-governador Mateus Simões de enganarem os servidores da segurança pública de Minas Gerais. Segundo ele, a tentativa de condicionar a recomposição salarial dos policiais ao Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag) e aos vetos do presidente Lula é uma manobra política que transfere uma responsabilidade estadual para o governo federal.
“Recomposição das perdas inflacionárias é um direito garantido pela Constituição. Hoje temos uma defasagem de 44% e o quarto pior salário do Brasil entre os investigadores. Enquanto isso, o governador tem o segundo maior salário entre os governadores estaduais”, criticou Wemerson. Para ele, a postura do governo Zema é “mais uma falácia para fugir do compromisso firmado em 2020 com os servidores públicos”.
O presidente do Sindpol também contestou a alegação do governo de que a recomposição depende da derrubada de vetos no Congresso. “Falta dinheiro? Não. Falta vontade política. O próprio governo admite que as isenções fiscais subiram para R$ 22 bilhões. Dinheiro tem, o que não há é compromisso com quem carrega a segurança pública nas costas”, disse.
Além disso, Wemerson criticou a forma como o governo tenta convencer a população de que concedeu reajuste ao oferecer auxílio-alimentação e bônus vestimenta. “Isso não é aumento. É direito básico. E o salário líquido do policial continua o mesmo”, apontou. Ele alertou ainda que o contingenciamento de R$ 32 milhões afetou diretamente o funcionamento das delegacias especializadas, aprofundando o sucateamento da Polícia Civil.
Na entrevista, o presidente do Sindpol/MG denunciou também a prioridade do governo Zema aos concursos da Polícia Militar e da Polícia Penal, enquanto afirma que está impedido de fazer concurso para a Polícia Civil — o que ele classifica como “uma mentira”.
“Se pode fazer concurso para a PM e para os bombeiros, por que não pode para a Polícia Civil? Isso mostra que o governador faz uso político da segurança pública. Está mais preocupado em construir narrativa para 2026 do que em valorizar quem está nas ruas combatendo o crime de verdade”, disse.
Para Wemerson, a população precisa saber que “policiamento ostensivo não é sinal de segurança, é sinal de que a violência aumentou”. E concluiu: “Se o governo não apresentar avanços concretos, em 2026 poderemos ter uma mobilização geral ou até uma nova greve”.