É o caso do irmão da desempregada Cláudia Martins de Assis, 37, que desapareceu há cinco meses de casa, em Itabira, no Vale do Aço. Ela contou que José Geraldo de Assis, 46, passou várias vezes pelos centros de reabilitação do governo para tratar da dependência da droga e dos episódios de esquizofrenia. Os medicamentos, segundo ela, o deixavam mais calmo. Mas, nos horários livres, ele acabava não resistindo ao vício. "Meu irmão ficava até 15 dias fora de casa e depois voltava para buscar ajuda", relatou. No entanto, desde a última fuga, em dezembro passado, Assis não retornou mais. "Me disseram que ele foi para Belo Horizonte".
Segundo a psiquiatra Tatiana Mourão Lourenço, integrante da Associação Americana de Psiquiatria, o crack apresenta níveis elevados de "fissura", reação que se caracteriza por uma ansiedade muito grande e ações de todo o tipo para consumir a droga. "Isso ocorre 24 horas por dia. Portanto, qualquer atendimento deve ter um serviço permanente para prevenir as recaídas".
A União admite o problema e pretende ampliar o funcionamento dos Caps-ad para 24 horas, por meio do plano de enfrentamento ao crack, que ainda não tem data para ser adotado em Minas. O governo solicitou R$ 200 milhões para iniciar o projeto.
O subsecretário de Políticas Sobre Drogas, Cloves Benevides, informou que o Estado já destinou R$ 2 milhões para 20 municípios iniciarem a implantação dos Caps-ad. Ele reconhece que, além da aumentar a rede, é preciso também adotar o funcionamento 24 horas. "Para alguns pacientes, a falta de assistência à noite deixa um vazio que pode levar à droga", disse Benevides. (LC)
Fonte: Jornal O Tempo.
Disponível em 15/05/2012: http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=203226,OTE&busca=crack&pagina=1