Sem apoio do governo, jovem volta ao mundo das drogas. Carolina Moreira Alves Pereira, 26, foi a primeira dependente química em Minas internada compulsoriamente para tratar o vício das drogas. Em agosto de 2011, a jovem foi para São Paulo com o tratamento custeado pelo Estado, onde ficou por nove meses. Voltou para a capital mineira com atestados de psiquiatras atestando a jovem como clinicamente curada, mas, depois de algumas semanas em casa – sem qualquer retaguarda do poder público, como a possibilidade de estudo ou de emprego – voltou às ruas e se rendeu ao crack. O caso de Carolina é um exemplo clássico para especialistas: não adianta oferecer assistência médica a um usuário de drogas, mesmo compulsoriamente, se não houver a reinserção do doente na sociedade. "É preciso que essa pessoa se sinta novamente no seio da sua comunidade, trabalhando ou estudando. Enfim, levando uma vida normal", defende o psiquiatra e especialista no combate às drogas, Arnaldo Madruga. Atualmente, a Secretaria de Estado de Saúde acompanha 266 casos de internação psiquiátrica compulsória por dependência química devido ao consumo de crack e de álcool. "De nada adianta levarmos essas pessoas para clínicas se, quando elas voltam, o poder público não dá uma resposta oferecendo oportunidades a elas. É desanimador", desabafa o presidente da Organização Não Governamental Defesa Social, Robert William. Moradora do bairro São Geraldo, na região Leste de Belo Horizonte, a mãe de Carolina, a empregada doméstica Sônia Cristina Moreira, relata que, sem ajuda do Estado ou da prefeitura, a rotina pesada com a filha foi retomada. "Agora, ela voltou a roubar as coisas em casa. Não bate em ninguém, mas rouba para sustentar o vício. Não tivemos ajuda do governo para nada, e minha filha voltou à vida de antes", contou a mulher. "O trabalho de reintegração é de médio e longo prazos. Apenas a internação compulsória não resolve nada", defende o membro da Comissão de Controle do Tratamento de Tabagismo, Alcoolismo e Outras Drogas da Associação Médica de Minas Gerais, Valdir Ribeiro Campos. GRAVIDADE.Os especialistas também apontam a epidemia de crack como um grande problema. Por ser mais barata, a droga se espalha com facilidade. Estimativas indicam existirem 340 mil usuários do entorpecente em Minas. De 2010 a 2012, o número de internados com overdose de crack no HPS, em Belo Horizonte, saltou de 59 para 138, um aumento de 133% .
Fonte: Hoje em Dia