Por Heitor Mazzoco, Jornal O Tempo
O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), enfrentará mais um obstáculo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) caso não aceite os pedidos dos servidores da área da segurança pública. A principal exigência do grupo é a recomposição salarial de 28,8%. Os servidores tendem a aceitar o acordo se a primeira parcela for paga em janeiro de 2020.
Enquanto há impasse, deputados ligados à categoria prometem votar contra propostas de interesse do governo no Legislativo, como o projeto de recuperação fiscal. A situação se agravou após manifestação realizada na Cidade Administrativa na segunda-feira (16).
O governo prometeu apresentar um cronograma de pagamento das perdas salariais. No entanto, por volta das 21h, a resposta aos servidores foi a de que o governo começaria a pagar apenas em setembro de 2020. O pagamento final, sem atrasos, seria em março de 2023. Porém, não havia indicação dos percentuais de cada etapa.
Por unanimidade, os manifestantes decidiram não aceitar o acordo. Eles exigem, no mínimo, que parte dos 28,8% seja paga imediatamente. Mas o desgaste de Zema com deputados – que não é de hoje – deve piorar, porque, segundo o deputado Sargento Rodrigues (PTB), o governo não soube ter visão política para negociar. “Não vamos deixar passar o regime de recuperação fiscal. Ele escolhe. Ou negocia com a gente, ou travamos na Assembleia e vamos enfrentá-lo aqui (na Cidade Administrativa)”, disse Rodrigues.
Para o parlamentar, o governo terá que negociar de qualquer maneira e atender as reivindicações da classe. “O governo tem minha palavra. Eu vou emendar todos os projetos do governo e vou obstruir todos os projetos do governo. E olha que, ao longo de cinco mandatos, eu aprendi a fazer isso bem. O governo vai ter que nos enfrentar na Assembleia, não precisa ter dúvida nenhuma. Em nome da minha classe, eu estou disposto a ir aos extremos com o governo”, afirmou o deputado.
Durante a reunião de segunda-feira, os secretários Otto Levy (Planejamento) e Bilac Pinto (Governo) foram de helicóptero se encontrar com Zema e apresentar reivindicações. Bilac tem sido criticado pela atuação no episódio.
Rodrigues afirmou ainda que, com ele, vão dificultar a vida de Zema na Assembleia quatro nomes do PSL: Bruno Engler, Delegada Sheila, Delegado Heli Grilo e Coronel Sandro. “Em outras palavras, (Bilac Pinto) falou ‘devo não nego, pago se puder’. Vamos chorar junto com eles (do governo)”, disse o petebista.
Desses deputados, dois (Sargento Rodrigues e Coronel Sandro) disseram, em enquete de O TEMPO publicada na segunda-feira, ser favoráveis à Proposta de Emenda Parlamentar (PEC) que retira a obrigatoriedade de consulta popular para vender Cemig e Copasa. Já Engler e Grilo não se manifestaram na ocasião. Se todos passarem a ser contrários ao projeto, o governo teria, neste momento, ao menos 29 resistentes à proposta. Com 30 deputados contrários, o governo já não consegue aprovar o texto, já que precisa de 47 votos em 77 na Assembleia e o presidente Agostinho Patrus (PV) não vota.
Depois da reunião infrutífera, os manifestantes marcaram um novo protesto para esta quinta-feira (19), às 14h, na Cidade Administrativa. Parte dos servidores evita falar de greve, porque o governo ainda está aberto a negociações. Porém, eles não descartam uma paralisação do setor de segurança se não houver acordo.
Servidores cogitam parar Linha Verde na quinta-feira
Sem acordo com o governo de Minas, servidores da segurança pública cogitam, mais uma vez, fechar a Linha Verde, em Belo Horizonte, para protestar contra a falta de reajuste no salário. Na segunda-feira, já havia previsão de uma manifestação no local. A intenção, segundo O TEMPO apurou, é mostrar que a classe de servidores, unida, pode dar dores de cabeça ao governo. O local é um dos principais caminhos para quem vai de Belo Horizonte a Confins, para utilizar serviço aéreo no Aeroporto Internacional Tancredo Neves.
Um dos líderes da categoria, Domingos Sávio de Mendonça afirmou que a paralisação na Linha Verde dependerá da “tropa”.
“Fala-se em multa de R$ 100 mil da Justiça, mas a Justiça precisa ver o nosso lado também”, disse.
Fonte: Jornal O Tempo