Prisões: Corregedoria apura novas fraudes no DETRAN/MG a investigação se embasou em patrimônio incompatível e enriquecimento ilícito de servidores e policiais
A prisão ontem de um homem com uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) falsa pode ser a descoberta da Polícia Civil de um novo esquema de compra e venda de carteiras no Estado. Aroldo José Santana, 30, foi surpreendido em uma blitz na MG-10, na altura de Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, e confessou que comprou o documento por R$ 2.200 na praça Sete, no centro da capital, há cerca de quatro meses. Segundo Santana, o documento teria sido vendido por um homem que joga damas na praça.
Conforme a assessoria de imprensa da Polícia Civil, o caso será apurado para saber se está relacionado com o esquema de comercialização de carteiras verdadeiras em Betim, na região metropolitana, denunciado por O TEMPO com exclusividade em janeiro. No caso de Betim, o esquema contaria com a participação de funcionários do Departamento de Trânsito de Minas (Detran-MG).
Segundo a Polícia Rodoviária Estadual, Santana foi abordado em uma operação de rotina. "O documento parecia falso. Quando consultamos o número da CNH, constatamos que ela não existia no sistema", disse o soldado Rodrigo Quintino.
O homem foi preso e encaminhado para a 1ª delegacia de plantão de Vespasiano, onde prestou depoimento. Segundo o investigador Ionir Moselli, ele foi preso em flagrante e encaminhado para a Cadeia de Lagoa Santa, também na região metropolitana. Santana vai responder pelo crime de porte de documento público falso.
Fiscalização. O Detran apura ainda denúncias de que autoescolas são coniventes com irregularidades no sistema biométrico de identificação, que registra a entrada e a saída de candidatos. Para coibir as irregularidades, o órgão passou a exigir neste mês a identificação biométrica em aulas de direção – a exigência também existe para aulas de legislação.
Polícia ainda sem pistas sobre esquema de Betim
A Polícia Civil ainda não chegou a nenhuma conclusão sobre a investigação que realiza sobre o esquema de venda de carteiras verdadeiras em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. As fraudes foram denunciadas com exclusividade por O TEMPO, em janeiro deste ano.
Os documentos eram negociados por instrutores de autoescolas, examinadores e funcionários do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) por R$ 1.000. O valor da propina era divido entre as autoescolas – R$ 200 – e a os examinadores – que recebiam R$ 800.
Clínicas. A reportagem revelou ainda, na época, indícios da existência de diversas ilegalidades também nas clínicas médicas que realizam o exame psicotécnico dos futuros motoristas. Neste caso, o problema estaria na participação de servidores públicos como sócios das clínicas, o que é proibido por lei. Algumas clínicas chegavam a funcionar sem a presença de médicos e psicólogos.
O esquema – confirmado por donos de clínicas idôneas – indica que alguns empresários pagam propina a funcionários do Detran para que clínicas irregulares operem normalmente. (TT)
Valores
R$ 1.000 era o valor
pago pela carteira de habilitação em Betim
R$ 2.200 foi pago
pelo homem preso ontem pela CNH falsa na capital
Fonte: O Tempo