Polícias vão usar Skype para registro de crimes.

Polícias vão usar Skype para registro de crimes

Cidades de todo o interior de Minas vão passar a contar com iniciativa inédita no país que promete agilizar o trabalho da polícia, diminuir o tempo de registro de ocorrências e reduzir os gastos da corporação.

A ideia é que militares e delegados conversem, pela internet, e decidam se há a necessidade de os policiais levarem vítimas, suspeitos e testemunhas até a delegacia. Nos casos de crime de menor potencial ofensivo (resistência, porte de droga para consumo próprio, dano, lesão corporal simples, ameaça, dentre outros), o fato pode ser resolvido com a ajuda do Skype.

O projeto, segundo o superintendente de Investigação e Polícia Judiciária, Jeferson Botelho, vai ser positivo porque, em muitos municípios do interior do Estado, não há delegados de plantão à noite, nos fins de semana e feriados. Quando há um crime nesses dias, é preciso que os militares se desloquem para outra cidade para que a ocorrência seja apreciada por um delegado de plantão.

Teste. Botelho revelou que o projeto foi testado por um mês em Ubá, na Zona da Mata, no fim do ano passado. De acordo com o superintendente, 50.4% das ocorrências foram atendidas virtualmente. O que significou a economia de R$ 2.234 em combustível. Os militares deixaram de perder também 90,4 horas de deslocamento (levando em consideração a velocidade média de 80km/h). Ainda de acordo com Botelho, 44,4% das ocorrências foram atendidas em até dez minutos. “O delegado tem acesso ao Registro de Eventos de Defesa Social (Reds). Se não for necessário a prisão em flagrante, a pessoa assina um termo de compromisso de comparecimento ao juizado”, explica.

Para que o sistema funcione em todo o interior de Minas, será necessário o investimento para melhorar a rede de internet. Entretanto, não há previsão de data ou de volume dos custos. Além disso, uma equipe oferece treinamento para policiais militares e delegados antes da implantação do programa. Os profissionais apresentam palestras e acompanham a primeira ocorrência.

“Já está funcionando em Governador Valadares e Guanhães (no Rio Doce). A polícia de São Paulo já nos procurou. O modelo pode ser expandido para todo o Brasil”, acredita Botelho.

Confirmado

Estado. A Secretaria de Defesa Social (Seds) confirmou que um projeto inédito que envolve vários órgãos está em fase final de formatação, porém, só vai falar sobre a ideia nos próximos dias.


Delitos

Crimes. São exemplos de crimes de menor potencial ofensivo desacato, porte de drogas para consumo próprio e lesão corporal. No caso de crimes de maior potencial ofensivo, são exemplos furto, roubo, homicídio e estupro.

Análise.Para o sociólogo e cientista político Moisés Augusto Gonçalves, a tecnologia é positiva, porém destaca algumas questões a serem repensadas. “A autoridade policial não vai ter acesso à materialidade da prova, o que pode abrir brecha para adulterações”, destacou.

Novo modelo pode envolver Judiciário

O superintendente de Investigação e Polícia Judiciária, Jeferson Botelho, informou que o projeto prevê ainda a inclusão do Judiciário, Ministério Público de Minas (MPMG) e Defensoria Pública no projeto. Ainda não há data nem formato definido para a inclusão dos órgãos.

No caso do Ministério Público, os promotores de plantão podem ouvir os envolvidos na ocorrência por meio de videoconferência. “Os policiais não precisarão deixar o município deles, o que vai aumentar a segurança dos moradores”, explicou Botelho. O mesmo pode acontecer com os defensores públicos e juízes.

Botelho está tão confiante no novo procedimento, que acredita em sua expansão para outras partes do país. “São Paulo já nos procurou”.

Fonte: O Tempo