Policiais do Deoesp prendem quadrilha preparada para realização de um roubo de R$300 milhões
A prisão de Fábio Antônio Gallego, 36, apontado como um dos líderes do maior roubo da história de Minas, em que foram levados R$ 46 milhões da empresa de valores Embraforte, em setembro de 2010, revelou um plano ainda mais audacioso. Segundo a polícia, a quadrilha de Gallego estava pronta para executar um roubo de R$ 300 milhões. O alvo da ação é mantido sob sigilo pela polícia, mas, pela quantidade de dinheiro, segundo o delegado Wanderson Gomes, integrante do Grupo de Combate às Organizações Criminosas de Minas Gerais (GCOC), o crime tinha como foco uma empresa de transporte de valores de grande porte ou um banco. A polícia não revelou onde ficaria a instituição.
Fábio Gallego foi preso no último dia 21 de abril, junto com seu braço-direito, Paulo Roberto Alves de Oliveira, 39, durante a operação Ferrugem.
Se concretizado, esse seria o maior assalto já registrado no país. O do Banco Central de Fortaleza, no Ceará, em agosto de 2005, considerado até hoje o maior da história do Brasil, deixou um prejuízo de R$ 164 milhões. A ação, que virou filme, foi executada por 36 criminosos. Eles cavaram um túnel de 80 m de comprimento e fugiram com os malotes.
O GCOC, que reúne a Polícia Civil e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), não descarta que o próprio Gallego tenha participado do assalto ao Banco Central. Ele é suspeito também de integrar o Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa de São Paulo, e de comandar pontos de venda de drogas na capital paulista. Em 2005, Gallego foi preso com 160 kg de cocaína em Rondônia e estava foragido.
Segundo a polícia, o criminoso confessou que liderava um dos braços do grupo envolvido no planejamento do assalto de R$ 300 milhões. "Temos indícios de que o crime seria realizado ainda neste ano, possivelmente no primeiro semestre", disse o delegado.
A prisão de Gallego, no entanto, não encerra as investigações. A polícia mineira mantém alerta sobre o caso e ressalta a importância de divulgação da imagem de Gallego para que outros Estados tomem conhecimento. "Com a prisão do líder, o plano foi retardado", afirmou o delegado João Prata, da 3ª Delegacia Especializada de Repressão às Organizações Criminosas.
Ontem, quando foram apresentados à imprensa, Gallego e o comparsa Paulo Roberto de Oliveira ficaram o tempo todo com os rostos cobertos e não responderam as perguntas dos jornalistas.
Mais suspeitos
Soltos. Outros três presos na operação Ferrugem – a mulher de Gallego e mais dois supostos comparsas – haviam sido presos, mas foram soltos por falta de provas. O mandado de prisão temporária venceu, mas eles ainda estão sob investigação.
As imagens ainda mostram uma criança, de 8 anos, uma das vítimas, chorando diante das ameaças. O vídeo é uma das provas da polícia para incriminar Gallego. Ainda nesta semana, segundo o procurador de Justiça André Ubaldino, Gallego e o comparsa serão denunciados por roubo, extorsão mediante sequestro e formação de quadrilha. (LC)
Mesmo com a prisão dos dois suspeitos de envolvimento no assalto à Embraforte, a Polícia Civil ainda não recuperou parte alguma dos R$ 46 milhões. Segundo o delegado Wanderson Gomes, o líder Fábio Antônio Gallego disse que investiu sua parte do roubo em aquisição de armas e drogas para conquistar novos pontos de tráfico de drogas em São Paulo, seu Estado de origem. O criminoso não revelou o valor.
A polícia agora tenta rastrear as contas bancárias dos indiciados, mas admite que ainda há muito a ser feito até que o destino do dinheiro seja descoberto e as investigações, concluídas. "A demora da operação da polícia deve-se à meticulosa ação da quadrilha", explicou o delegado.
As investigações apontaram que Gallego passou um ano em Minas planejando o assalto à Embraforte. Segundo a polícia, ele alugou dois imóveis em São João del Rei, no Campo das Vertentes, e vinha com frequência a Belo Horizonte para investigar a transportadora, onde descobriu detalhes sobre a empresa e a vida dos funcionários. "Não descartamos a possibilidade de facilitação por parte de alguém ligado à Embraforte".
O delegado informou ainda que a quadrilha se aproveitou do fato de ser ano eleitoral e, para não despertar a atenção, circulava pelos bairros onde as vítimas moravam em carros com fotos de candidatos.
No dia do assalto à Embraforte, todas as ruas ao redor da empresa foram cercadas por criminosos protegidos em carros e fortemente armados. "Se a polícia aparecesse por lá, certamente seria bombardeada", completou o delegado. (LC)
Fonte: Jornal O Tempo, 26 de abril de 2012