Polícia identifica cinco suspeitos de linchar e assassinar Fabiane
A polícia do Guarujá conseguiu identificar até a tarde desta quarta mais cinco pessoas que participaram do linchamento da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, 33. Ela foi morta depois de ser violentamente agredida por moradores da comunidade de Morrinhos 1, onde ela morava, ao ser confundida com uma suposta sequestradora de crianças.
Segundo o delegado Luís Ricardo Lara Dias Júnior, do 1º Distrito Policial de Vicente de Carvalho, onde foi registrada a ocorrência, a prisão dessas pessoas deveria acontecer ainda nesta quarta.
Durante visita ao Guarujá, onde entregou uma maternidade instalada no Hospital Santo Amaro, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) classificou o episódio de “um ato de barbaridade”. “Foi um fato muito triste”, disse, ao manifestar a sua solidariedade com a família da vítima.
Além de tentar identificar as pessoas que participaram do linchamento, por meio dos vídeos feitos por cinegrafistas amadores, a polícia ouviu nesta quarta duas testemunhas que aparecem nas imagens, mas que não atuaram na violência contra a dona de casa.
“Tentaram impedir, mas ninguém escutava. Tinha muita gente batendo nela, quem teve vontade de bater não pôde, de tanta gente em cima dela. Foi chegando gente de todo o canto, até de táxi, virou uma tragédia. Eu só lamento pelo que aconteceu com ela, espero que estejam arrependidos, até eu que olhei me sinto arrependido”, disse uma das testemunhas ouvidas nesta quarta.
O eletricista Valmir Dias Barbosa, 48, foi preso na noite de terça-feira como o principal suspeito da agressão contra Fabiane, já que ele aparece no vídeo dando um golpe na cabeça da mulher com um pedaço de madeira. Segundo a polícia, ele confessou a autoria do ataque. “Não só eu, mas umas cem pessoas participaram do linchamento”, afirmou, destacando que todo mundo falava da presença da sequestradora, que estaria capturando crianças para rituais de magia negra.
“Todos aqueles que participaram das agressões assumiram, sim, o risco de produzir o evento morte. Portanto, respondem pelo crime de homicídio qualificado, pelo menos por duas vezes, por motivo fútil e em razão da impossibilidade de defesa por parte da vitima”, afirmou o delegado.
Clima de medo. Uma moradora que também foi à delegacia prestar depoimento disse que atualmente o clima é de medo no bairro Morrinhos. “A população está com medo, ninguém sai à noite. Há boatos de que haverá mais linchamento, principalmente contra quem colaborar com a polícia. Tenho sete filhos, as crianças estão sendo xingadas na escola, por ser do Morrinhos 4. Eu, como mãe, jamais levaria meu filho para assistir isso. Eles estão tendo pesadelos”.
Confusão
Longe. O retrato falado atribuído a Fabiane havia sido feito por policiais do Rio de Janeiro em agosto de 2012. Na ocasião, uma mulher foi acusada de tentar roubar um bebê do colo da mãe na Zona Norte.
Atacada por dar fruta a uma criança
A dona de casa Fabiane Maria de Jesus morreu depois de brincar com um menino que ela não conhecia e oferecer uma fruta para ele. É o que sustentam parentes da vítima, segundo relatos colhidos por eles com testemunhas do crime.
Primo da vítima, o ajudante-geral Fabiano Santos das Neves, 32, conta que, no sábado passado, enquanto caminhava pelo bairro, Fabiane viu uma criança sozinha na rua. Além de mexer com a criança, ela teria chegado a dar uma banana para o menino – Fabiane havia feito compras instantes antes. Mas a mãe da criança viu a cena, e achou que a desconhecida seria a tal bruxa que assombrava a região, boato que havia sido espalhado pelo site do Facebook “Guarujá Alerta”.
“Acho que acharam que ela iria roubar aquela criança. Começaram a agredi-la por causa disso. Ela já não conseguiu falar mais logo depois do primeiro golpe”, conta o primo.
Fonte: O Tempo
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