Polícia Civil continua com sinais de sucateamento e baixo efetivo
Trinta e três delegados da Polícia Civil de Minas Gerais estão afastados das funções por determinação médica. A situação mais grave é de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde cinco dos dez titulares dos distritos policiais estão de licença médica e um está em férias.
Com a baixa do efetivo, um delegado é obrigado a tomar conta dos flagrantes e inquéritos de três delegacias. Essa é a rotina de Cristina Floriano, titular do 1º Distrito, e que cuida ainda de mais duas delegacias de Betim, além de ser escalada para o plantão noturno e dos finais de semana.
Com as férias do Regional de Betim, Wenderson Vilela Macedo, o cargo teve que ser assumido pela delegada Maria de Fátima, que ainda responde pela Delegacia da Família, especializada pelos crimes contra a mulher e do idoso. Dos quatro titulares dos plantões de Betim, dois foram afastados por motivos de saúde e um está e m férias.
Dois delegados de Ibirité, na RMBH, foram transferidos para Betim para ajudar nos plantões. Com isso, a Polícia Civil teve que suspender o plantão de Ibirité, segundo o diretor Jurídico do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil, delegado Christiano Xavier. “Em Juatuba são cinco delegados, mas um está afastado por motivos de saúde e dois estão ajudando no plantão de Betim. A maioria dos afastamentos é por estresse, causado pela excesso de trabalho”, disse .
Na regional da Polícia Civil de Juiz de Fora, na Zona da Mata, cinco dos 27 delegados estão afastados por problemas de saúde. A regional é responsável pelo policiamento de 26 cidades. “Em Juiz de Fora são 200 policiais, mas a cidade deveria ter mais 300”, informou o delegado Marcelo Armstrong. “Os delegados já sofrem com o excesso de trabalho por causa da falta de efetivo. Temos hoje cerca de 900, mas o ideal seria pelo menos 1.300”, afirmou o presidente do Sindicato dos Delegados de Minas Gerais, Edson José Pereira.
A Polícia Civil foi obrigada a acabar com os plantões em várias delegacias do Estado por falta de efetivo, como mostrou o Hoje Em Dia na edição do dia 24 de maio deste ano. A Região Noroeste é a mais prejudicada. Em Formoso, os militares são obrigados a viajar 450 quilômetros até Unaí para registrar as ocorrências.
No último sábado, o soldado Alessandro Dias Rosa, 32 anos, de Ubá, morreu em um acidente quando voltava de Viçosa, onde levou um homem que furtou uma bicicleta. Segundo os colegas de trabalho, o plantão de Viçosa foi fechado e todas as ocorrências são levadas para Ubá, a 70 quilômetros da cidade. “O soldado esperou por mais de quatro horas para a ocorrência ser encerrada e, na volta, estava cansado”, afirmou o deputado Sargento Rodrigues (PDT), que convocou uma audiência pública na Assembleia para discutir os fins dos plantões para o dia 16 de agosto.
A greve da Polícia Civil, iniciada no dia 10 de maio, foi suspensa ontem por 60 dias. Os policiais aguardam o envio para a Assembleia Legislativa do Projeto de Lei Orgânica da corporação. A nova legislação prevê aumento do efetivo e a projeção das carreiras.
A Polícia Civil foi procurada para comentar sobre o afastamento dos delegados, mas alegou que está fazendo um levantamento sobre a situação.
Fonte: Jornal Hoje em Dia.
http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/hermes/minas/problema-de-saude-afasta-33-delegados-civis-em-minas-1.312637
