Pimentel mexe no primeiro vespeiro

Pimentel mexe no primeiro vespeiro
 

Três secretarias são as mais estratégicas e as mais delicadas na montagem da administração estadual, tidas como verdadeiro “vespeiro”. Estão nessa categoria a Fazenda estadual, a de Planejamento e a Defesa Social, para a qual o governador eleito Fernando Pimentel (PT) antecipou a indicação do deputado federal Bernardo Santana (PR). O próprio indicado se disse “surpreso” depois de ter avisado à família, dias antes, que não iria ser secretário, muito menos desse que é um dos mais complexos setores do Estado. O deputado comentou com um aliado que recebeu mensagem por whatsapp de Pimentel minutos antes de ser anunciado durante encontro com os delegados da Polícia Civil. “Vou te anunciar como secretário agora”, teria dito o petista antes do eufórico discurso.

O anúncio, da forma como foi feita, entre policiais civis, deixou em polvorosa os policiais militares, que trocaram mensagens, também por whatsapp, durante todo o dia de ontem, preocupados com o “desprestígio”. Se a reação ainda é de inquietação na segurança pública, especialmente entre os policiais militares, na Assembleia Legislativa os deputados da futura base aliada manifestaram perplexidade. “Fazer o quê”, dizia um deles, reconhecendo que o “secretariado é do Fernando”.

Delegados querem subsídios

A razão maior do apoio dos delegados novos da Polícia Civil ao governador eleito é uma promessa feita durante a campanha eleitoral. Eles reivindicam ganhar subsídios a exemplo dos promotores e juízes, hoje,na casa dos R$ 20 mil. A proposta é de risco, pode rachar a própria Polícia Civil e quebrar a isonomia com a Polícia Militar. A partir de 1º de abril próximo, o piso salarial das duas polícias será de R$ 4 mil, com o pagamento da última e quarta parcela do reajuste setorizado de 15%. Os novos delegados ganharão como major, R$ 11 mil.

Os delegados mais antigos não aprovam a instituição dos subsídios, que impõe teto e limita gratificações como quinquênios e trintenários, podendo elevar os ganhos a R$ 29 mil para quem está em fim de carreira.

Ao contrário dos promotores e juízes, que integram poderes independentes e autônomos, delegados compõem carreira dentro do Executivo. Se o futuro governador tentar alterar o quadro, estará mexendo em um vespeiro ainda maior.

Orçamento da União

O governador eleito não deu mais sinais de que poderá antecipar outros nomes, especialmente dessas áreas mais delicadas. Ainda assim, ele envia hoje a Brasília o ex-coordenador geral de sua campanha, o médico Helvécio Magalhães (PT), para discutir emendas do Orçamento da União para Minas. O tema é ligado ao planejamento, área da qual Magalhães tem especialidade mas não a mesma experiência que acumulou na saúde pública, onde já foi secretário municipal de Belo Horizonte (2005-2008) e, até o início deste ano, era titular da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), o segundo maior cargo do Ministério da Saúde.

Ao lado dos deputados federais petistas Miguel Corrêa, Odair Cunha e Reginaldo Lopes, Magalhães vai apontar as prioridades do próximo governo na proposta orçamentária federal. Além das grandes obras de infraestrutura, como o metrô de BH e o anel rodoviário, que deverão integrar o PAC, a prioridade de Pimentel é trazer recursos federais para promessas feitas na campanha, como os centros de especialidades médicas; os centros de ensinos múltiplos, para ampliar as escolas técnicas, e equipamentos para as polícias.

Reajuste setorizado

Para a Fazenda estadual, ainda não surgiram nomes, mas problemas não faltam. Há segmentos dentro da equipe de Pimentel que defendem a não aprovação do reajuste salarial linear de 4,62%, que tramita na Assembleia Legislativa. Idealizam aumentos setorizados.

Fonte: Hoje em Dia – Coluna Orion Teixeira