Perigo nas janelas dos ônibus
Apelidado por motoristas e trocadores ônibus de “pulão”, a modalidade de roubo em que o criminoso se aproveita do sinal fechado e de uma janela aberta para saltar e roubar pertences dos passageiros desatentos, em especial os celulares, está cada vez mais comum no centro de Belo Horizonte. “Tenho registrado muitas ocorrências desse tipo nos últimos seis meses”, revelou, sob condição de anonimato, um policial do 1° Batalhão de Polícia Militar. Diante das ocorrências e do fato de o celular ser o objeto mais roubado no centro, a Polícia Militar tenta emplacar duas estratégias: a produção de cartilhas com orientações e a realização de um convênio com as operadoras para que clientes recebam mensagens com dicas de segurança.
O roubo acontece em ruas e avenidas mais movimentadas. Segundo o mesmo policial, a facilidade da fuga e as poucas chances de os criminosos serem reconhecidos ou mesmo descritos pelas vítimas fazem com que os roubos se proliferem. “É muito fácil pegar e sair correndo”, afirmou o militar, que acredita ainda que o avanço do crack seja um motivador, uma vez que os objetos roubados podem facilmente ser trocados pela droga.
Um motorista de ônibus de 40 anos, que pediu para não ter o nome divulgado, roda o centro de Belo Horizonte diariamente e conta que já ouviu vários relatos dessa modalidade de furto. “Há duas semanas, uma moça foi roubada em um ônibus na (rua) Tupinambás. O motorista tentou gritar ‘olha o celular’, mas ela não deve ter visto o cara dando o pulão porque estava ouvindo música”, disse. Ainda conforme o motorista, o delito tem acontecido em ruas como Tupinambás, Caeté e avenida Santos Dumont.
A estudante Maria Luiza Andrade, 23, foi vítima do roubo no dia 31, por volta das 17h, na volta do trabalho para casa. “Aconteceu no entorno da praça Sete. Eu estava conversando no (aplicativo) Whatsapp com uma colega de trabalho e ouvindo música. O ônibus estava parado no sinal. Ele puxou meu celular e óculos de grau”, revelou. Maria Luiza preferiu não registrar um boletim de ocorrência. “Só vi a mão da pessoa, tenho certeza que não vou recuperar o aparelho e também não quero perder tempo na delegacia”.
A reportagem de O TEMPO percorreu as principais vias do centro da capital e, em todos os pontos de ônibus, passageiros contaram que viram ou conhecem pessoas que foram vítimas desse tipo de roubo.
População. O tenente-coronel Helbert Figueiró, comandante do 1° Batalhão de Polícia Militar, responsável pela área central da capital, informou que a Polícia Militar vai tentar uma parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Belo Horizonte para imprimir a cartilha com orientações sobre segurança e telefones celulares. O tenente-coronel não informou, no entanto, quando o material será produzido.
Previna-se
Veja dicas para evitar ser mais uma vítima dos assaltos:
Ponto. Não use o celular de maneira desatenta no ponto de ônibus. Evite mandar mensagens ou atender ligações no local.
Fones.Tome cuidado ao ouvir música pelo celular enquanto estiver andando ou parado esperando o coletivo. Os fones podem tirar sua atenção para o que acontece ao redor.
Ônibus. Dentro dos veículos, é preciso que a pessoa tenha a mesma atenção de quando está na rua. O melhor é não usar o aparelho à vista. Tenha atenção especial com as janelas.
Carros. Passageiros de carros de passeio também precisam ficar atentos para não ter seus celulares roubados no trânsito. O ideal é que se trafegue com as janelas fechadas.
Fonte: O Tempo