Pais de menina de 14 anos assassinada pelo ex vão ao Senado pedir redução da maioridade penal
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), recebeu nesta terça-feira (18) a visita de Joselito Dias e Rosemari Dias, pais de Yorrally Ferreira Dias, de 14 anos, assassinada no dia 9 de março pelo ex-namorado. O crime ocorreu na região do Gama (DF), um dia antes de o assassino completar 18 anos. Ele filmou o crime e divulgou o vídeo entre amigos por meio de um aplicativo de troca de mensagens.
Os pais da adolescente pediram a Renan apoio para a PEC (Proposta de Emenda à Constituição)33/2012. O texto abre a possibilidade de a Justiça aplicar a adolescentes de 16 a 18 anos envolvidos em crimes como homicídio qualificado, extorsão mediante sequestro e estupro penas impostas hoje somente a adultos. A PEC foi rejeitada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), mas um recurso garantiu a votação da proposta no plenário.
O encontro foi marcado por muita emoção. Joselito e Rosemari contaram que estão em vigília em frente ao Palácio do Planalto, esperando uma oportunidade para falar com a presidente da República, Dilma Rousseff. A mãe da jovem disse que espera contar com a sensibilidade de “mulher e de mãe” da presidente no combate à violência e acrescentou que sua família tem sofrido muito, pois “tudo na casa lembra Yorrally”.
"Eu não sei falar bonito, eu não quero aparecer na televisão. Eu só quero justiça. Menor tem que arcar com seus atos", pediu Rosemari, que chegou a desmaiar logo após falar com a imprensa.
Renan sinalizou que vai conversar com os líderes partidários para buscar um momento adequado para a apresentação da matéria. Ele reconheceu que o assunto “é complexo”, mas disse acreditar que até abril a PEC seja apreciada no Plenário.
"Será a oportunidade para que cada um vote da maneira que entender como deve votar. Democracia é isso", disse o presidente, que informou que vai pedir a Dilma que receba os pais de Yorrally.
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), autor da PEC 33/2012, acompanhou a visita e classificou o encontro como um momento “extremamente dramático”. Ele contou que o assassino vendeu um aparelho de som e uma bicicleta às pressas para poder comprar um revólver e cometer o crime antes de completar 18 anos, confiando no fato de não poder ser julgado como adulto.
Segundo o senador, o assassino foi preso horas antes de completar a maioridade e “o máximo que poderá acontecer é ficar três anos em um estabelecimento socioeducativo”.
"E, quando ele sair de lá, vai ser com a ficha limpa", lamentou o senador.
Fonte: R7