ONU cobra explicações sobre violência policial em protestos
Em uma comunicação sigilosa, a Organização das Nações Unidas (ONU) cobrou explicações do Brasil por causa do “uso excessivo de força policial”, afirmou estar “profundamente preocupada” e denunciou supostas violações de direitos humanos por parte das autoridades para conter as manifestações ainda em meados de 2013. Mas até o dia 1º de fevereiro deste ano, a queixa da ONU sequer foi respondida oficialmente pelo governo brasileiro.
Em uma carta que estava sendo mantida em sigilo enviada por relatores das Nações Unidas ao governo de Dilma Rousseff, a entidade denunciou supostos abusos e pediu que explicações fossem dadas. Na carta de 26 de junho de 2013, a ONU aponta para “o suposto uso excessivo de forças policiais contra manifestantes”.
Segundo a ONU, o uso de balas de borracha e gás lacrimogênio teria sido “arbitrário e violento”. “Como consequência, muitos manifestantes e jornalistas foram feridos”, disse. Na carta, a ONU ainda denunciava o fato de que a polícia teria jogado bombas de gás em restaurantes e outros locais privados. “Foi relatado que um número elevado de manifestantes pacíficos foram presos. Alguns chegaram a ser presos antes da participação nos protestos”.
A ONU admite que “alguns manifestantes atuam de forma violenta”. Mas alerta que estava “profundamente preocupada” diante da reação das autoridades. A ONU também alertou o governo sobre a situação dos jornalistas.
Exigências. Na carta, a ONU listou uma série de exigências ao governo brasileiro e que até agora não foram respondidas. A entidade quer saber como que as ações de autoridades públicas estão em linha com os compromissos internacionais do Brasil em direitos humanos.
Na carta, a ONU ainda pede que o Brasil submeta ao organismo os resultados de investigações e exames médicos sobre o uso excessivo da força. Outra exigência feita pela ONU era de que as pessoas responsáveis por violações fossem levadas a julgamento.
Em dezembro, um dos relatores que assinou a carta, Frank La Rue, esteve no Brasil. Segundo ele, o tema voltou a ser alvo de um debate com a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário. Mas ele admite estar preocupado por conta da violência da parte das autoridades e de grupos de manifestantes durante a Copa do Mundo.
Mascarados
Limite. A Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou projeto que proíbe o uso de máscaras em manifestações públicas. A proposta considera que são armas as de fogo ou brancas, pedras e similares.
Quem politizar protesto na Copa vai quebrar a cara, diz ministro
BRASÍLIA. O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou que há uma “importação” de um modelo de violência nas manifestações brasileiras e isso preocupa o governo, mas que ele não acredita em politização. “Na história brasileira, quem tentar politizar uma manifestação na Copa vai quebrar a cara, porque o povo sabe distinguir as coisas”, afirmou, ao chegar no Itamaraty para um evento sobre política externa. “O povo brasileiro adora futebol e espera a Copa. Nós faremos da Copa uma grande festa popular. Tomaremos iniciativas para que de fato hajam formas de participação popular na Copa. Então, acho que quem tentar politizar não vai se dar bem”, continuou.
Fonte: O Tempo