“O que aconteceu, aconteceu”, diz jovem que matou estudante de engenharia.

"O que aconteceu, aconteceu", diz jovem que matou estudante de engenharia

Os três suspeitos de participação na morte do estudante de engenharia Matheus Salviano Botelho de Moraes, de 21 anos, em 7 de fevereiro no bairro Gutierrez, Zona Oeste da capital, fazem parte de uma quadrilha de adolescentes da região do Barreiro especializada em roubo e tráfico de drogas. Segundo o delegado Vanderson Gomes, chefe da Divisão de Operações Especiais (Deoesp), mais integrantes do bando estão sendo investigados.
 
Nesta quarta-feira (26) foi apresentado Farley Bruno Bicalho Cardoso, que completou 18 anos no último dia 17, dez dias após a morte de Matheus. As investigações apontaram que ele usou o Vectra de cor prata para levar os comparsas, de 15 e 17 anos, para roubar carro no Gutierrez. Na região, abordaram uma outra vítima, mas ela gritou e, ao avistarem Matheus, mudaram o alvo.
 
Farley ficou no carro enquanto os amigos anunciavam o assalto. Foi o comparsa de 17 anos quem atirou contra Matheus, após ele reagir à ação. O revólver calibre 32 usado no crime, ainda não localizado, pertence a Farley e teria sido comprado na Praça Sete. Após o crime, os comparsas fugiram no Punto do estudante, e Farley os seguiu no Vectra.
 
No dia 20, o rapaz foi preso por tráfico de drogas. Ele obteve o alvará de soltura nesta segunda-feira. "Como estávamos monitorando o trio, conseguimos na Justiça o mandado de apreensão para o Farley, que foi detido em casa, no bairro Cardoso, na manhã desta terça-feira", detalhou o delegado Vanderson Gomes. 
 
Na apresentação, usando camisa e tênis de marca, ele disse “não ter feito nada demais”. Farley contou ter ouvido os tiros, mas só soube da morte de Matheus no dia seguinte. “Xinguei, deveriam ter atirado para o alto”, afirmou. O rapaz disse estar preocupado com o Vectra, que comprou por R$ 7 mil, e foi apreendido. “É meu, eu quero de volta”, esbravejou.
 
O suspeito admitiu ter passagens pela polícia, ainda adolescente, por roubo e tráfico de drogas. Farley disse que passou a andar armado após a morte do pai, assassinado há seis anos. "Fiquei com medo de ser morto também", contou. Por andar com roupas de marca, o rapaz disse que trabalha com um primo como instalador de cortinas.  
 
Após a apresentação pela Polícia Militar, no último sábado, de três homens que seriam suspeitos de envolvimento na morte do estudante, Farley revelou ter ficado aliviado. “Achei que iria me safar”. Ele e os comparsas vão cumprir medida socioeducativa em um centro de internação de menores. À disposição da Justiça, poderão pegar até três anos de punição. “Inclusive Farley, que era menor quando praticou o crime que vitimou Matheus”, explicou o delegado.
 
Ao ser questionado sobre o crime, Farley afirmou que não teria atirado contra o estudante. “Eu sabia que iam roubar, não que iam matar. Se fosse eu não tinha matado, tinha atirado para o alto pra assustar, mas não tinha matado", afirmou. Ao ser questionado se tem algum remorso, ele preferiu afirmar que não há como voltar atrás. "Tenho arrependimento, mas o que aconteceu, aconteceu. Não tenho como ressuscitar o cara”, concluiu.
 
A Polícia Civil deu o caso por encerrado. Dessa forma, os homens apresentados pela PM nada têm a ver com o assassinato de Matheus. No dia, os militares afirmaram que um dos detidos afirmou ter participado do latrocínio no bairro Gutierrez. A corporação militar foi procurada para comentar o assunto, mas nenhum representante foi localizado. 
 
O superintendente da Polícia Civil em Minas, Jefferson Botelho, disse que o trio detido no sábado foi autuado por envolvimento na clonagem de veículos e porte ilegald e armas.
 
Fonte: Hoje em Dia