Enquanto o Brasil registra queda nos homicídios dolosos, Minas Gerais segue na contramão da tendência nacional. Segundo o Mapa da Segurança Pública, divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública na última quarta-feira (11/6), o estado mineiro teve alta de 7,38% nos homicídios dolosos em 2024. Foram 2.853 mortes, contra 2.657 em 2023. Com isso, Minas ocupa o terceiro lugar no ranking de maiores crescimentos percentuais desse tipo de crime, atrás apenas do Maranhão e do Ceará.
A capital Belo Horizonte também figura negativamente entre as cidades mais violentas do Brasil: foi a sétima cidade com maior número de assassinatos em 2024, com 358 vítimas. O levantamento mostra que apenas quatro estados registraram aumento nos homicídios — os demais apresentaram redução. Em todo o Brasil, houve queda de 6,33% nesse tipo de crime.
Além do aumento da violência letal, o levantamento revela uma realidade ainda mais alarmante: o crescimento da presença de facções criminosas, como o Comando Vermelho e o PCC, atuando em Minas Gerais. A falta de investimento, de efetivo e de estrutura adequada para o trabalho investigativo tem contribuído para o avanço da criminalidade no estado.
Para o presidente do Sindpol-MG, Wemerson Oliveira, os números desmentem o discurso oficial do governador Romeu Zema, que insiste em dizer que Minas é o estado mais seguro do país.
“A realidade é outra. A criminalidade está crescendo, os homicídios aumentaram, e os nossos colegas continuam adoecendo e tirando a própria vida por conta da sobrecarga, da pressão e da falta de valorização”, afirma Wemerson.
Wemerson também lembra que Minas tem o quarto pior salário do Brasil para policiais civis, o que contribui ainda mais para o desânimo e a evasão de profissionais qualificados.
A situação crítica da segurança pública reflete diretamente na saúde mental dos agentes de segurança. O mesmo Mapa da Segurança apontou que Minas Gerais foi o terceiro estado com maior número de suicídios entre profissionais da área, ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul e São Paulo. Ao todo, o estado registrou 2.006 casos de suicídio em 2024, sendo 1.566 entre homens — 78% do total.
“Enquanto o governador Romeu Zema prefere fazer viagens internacionais e se envolver em polêmicas para ganhar curtidas nas redes sociais, os policiais civis trabalham no limite, enfrentando a criminalidade com coragem, mesmo sem as mínimas condições. O preço disso é o adoecimento da categoria e o aumento da violência que atinge toda a população mineira”, conclui o presidente do sindicato.
O Sindpol-MG segue cobrando valorização real, concursos públicos, investimentos em estrutura e apoio psicológico aos servidores, além de denunciar a tentativa do governo estadual de mascarar dados e ignorar a gravidade da situação da segurança pública em Minas.