Marcha das Mulheres Negras de Minas Gerais Contra o Racismo a Violência e pelo Bem Viver

Marcha das Mulheres Negras de Minas Gerais

No dia 13 de Maio de 2015, quarta-feira, as Mulheres Negras de Minas Gerais, se concentrarão na Praça 7 em Belo Horizonte à partir das 14 horas,na seqüência sairão em Marcha pelas ruas da capital mineira, contra o racismo, a violência pelo Bem Viver.  Minas saí na Frente. A Marcha Nacional acontece em Brasília, no dia 18 de novembro.

No Brasil, as mulheres negras somam 49 milhões, isto é, 25% da população brasileira. Vivenciam a face mais perversa do racismo e de inúmeras formas de violência, como a obreza, negação de direitos, falta de qualidade de vida, desigualdade salarial, falta de acesso aos serviços de saúde, baixa escolaridade, etc.

Em Minas Gerais, segundo Benilda Brito, Coordenadora do Nzinga Coletivo de Mulheres Negras, a situação não é diferente. “Ainda somos um Estado onde o racismo, o machismo, a homofobia, a violência e a intolerância são hegemônicas no pensamento e nas atitudes da grande maioria dos mineiros.”

Em todas as áreas da vida social a população negra continua subjugada e tratada como cidadãos e cidadãs de segunda categoria. Há estatísticas suficientes que comprovam a persistência dessa desigualdade. Na educação por exemplo, os dados apontam , “no ano de 2012, havia cerca de 13,2 milhões de pessoas, com 15 anos de idade ou mais, que eram analfabetas. Desse total, 3,8 milhões eram brancas (28,7%) e 9,3 milhões eram pretas & pardas (70,7%).

Merece destaque o aumento do índice de violência no Brasil onde o altíssimo número de jovens negros mortos configura-se como genocídio da juventude negra. No ano de 2012, foram assassinadas 35.190 pessoas negras (67,4%) e 13.890 pessoas brancas (26,6%).

Estes dados impactam diretamente na vida das mulheres negras, o Movimento Nacional de População de Rua afirma que: “ É crescente o número de mulheres que estão ‘enlouquecendo’ e aumentando a população da rua do Brasil. São mulheres negras, mães cujos filhos foram assassinados pela polícia, sem direito algum de defesa. Estas mulheres vagam pelas ruas desesperadas a procura dos filhos, choram, gritam por seus nomes, mesmo sabendo que já morreram e não irão responde-las. Mal sabem elas, que elas também já morreram em vida”.

Os números ainda revelam que em Minas Gerais, embora todos os índices demonstrem uma melhoria na situação de vida das mulheres, persiste a diferenciação em prejuízo das mulheres negras. Quadro este que somente poderá ser revertido com investimentos pesados, com recorte racial, nas áreas da saúde, da educação, do trabalho e da habitação, entre outras.


Participarão da Marcha do dia 13 de maio, Mulheres Negras de vários lugares do estado e representarão um conjunto diverso: jovens, idosas, lésbicas, bissexuais, lavadeiras, rurais, intelectuais, Yalorixás, quilombolas, empresárias, católicas, transexuais, umbandistas, sambistas, candomblecistas, positivas, evangélicas, domésticas, cantoras, catadoras, deficientes, professoras, operadoras de telemarketing e tantas outras, que marcharão denunciando a condição histórica de tripla discriminação: de serem negras em uma sociedade racista, de serem mulher em uma sociedade machista, e pobre em uma sociedade capitalista.

Para a Rede de Mulheres Negras de Minas Gerais (articulação que agrega mais de 50 entidades de cerca de 40 municípios mineiros): “Ser mulher negra nessa sociedade racista e sexista tem gerado experiências diferenciadas para nós. E, por isso mesmo, temos muito

a dizer e a decidir sobre o Estado que queremos construir, a riqueza que geramos e a inclusão que queremos como cidadãs. Não aceitamos ser alvo de protelações e subordinações que insistem em condenar o nosso presente e o nosso futuro.

Vivenciamos a brutalidade da violência racial, o que exige de nós, mulheres negras, resiliência e superação de nossas emoções mais íntimas para seguir com nossas vidas e das pessoas que são próximas a nós. Foi assim na escravização, quando nossas ancestrais foram alvo de violações de toda ordem. É assim nos nossos dias, em que vivemos a desumanização sistemática da nossa cidadania, cessando-nos o direito da representatividade e participação nas decisões políticas. E é por isso que a Marcha das Mulheres Negras reúne e reunirá mais e mais pessoas contra todas as formas de opressão racial.”

Portanto, não se pode fazer sequer um minuto de silêncio diante de tanto descaso para com essa imensa fatia da população, que a sociedade faz questão de ignorar e excluir. Ainda são altos os números da violência e do feminicídio entre as mulheres negras no nosso país. Nesse 13 de Maio as Mulheres Negras Mineiras e aliados na luta pelos direitos humanos irão para as ruas de Belo Horizonte reivindicar a liberdade pela igualdade de direitos.


A Marcha pelo Bem Viver será:

·         pelo fim do femicídio de mulheres negras e pela visibilidade e garantia de nossas vidas;

·         pela investigação de todos os casos de violência doméstica e assassinatos de mulheres negras, com a penalização dos culpados;

·          pelo fim do racismo e sexismo produzidos nos veículos de comunicação promovendo a violência simbólica e física contra as mulheres negras;

·          pelo fim dos critérios e práticas racistas e sexistas no ambiente de trabalho;

·          pelo fim das revistas vexatórias em presídios e as agressões sumárias às mulheres negras em casas de detenções;

·         pela garantia de atendimento e acesso à saúde de qualidade às mulheres negras e pela penalização de discriminação racial e sexual nos atendimentos dos serviços públicos;

·         pela titulação e garantia das terras quilombolas, especialmente em nome das mulheres negras, pois é de onde tiramos o nosso sustento e mantemo-nos ligadas à ancestralidade;

·          pelo fim do desrespeito religioso e pela garantia da reprodução cultural de nossas práticas ancestrais de matriz africana;

·         pelo fim do extermínio da juventude negra, que vem matando deliberadamente jovens negros, sem responsabilizar os culpados;

·         pelo fim da lesbofobia e bifobia;

·         pela nossa participação efetiva na vida pública

 

O Sindpol/MG apoia essa ideia. Participe!