Maioria dos ataques a bancos ocorre em cidades do interior
Das 49 ocorrências do tipo no Estado registradas nesse primeiro trimestre, BH foi palco só de uma
Publicado por Jhonny Cazetta e Luiza Muzzi
De um extremo ao outro da pequena Moeda, município da região Central de Minas com pouco mais de 5.000 habitantes, não se falava em outro assunto. Habituados ao silêncio e à tranquilidade costumeiros de interior, os moradores acordaram ontem com cenas que só estão acostumados a ver pela televisão: fortemente armados, assaltantes invadiram a cidade na madrugada para arrombar a única agência bancária, mas se depararam com um cerco policial montado na região. Esse tipo de cenário é o preferido pelas quadrilhas organizadas, que se aproveitam da fragilidade das cidades do interior para agir.
Levantamento da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) corrobora a situação: das 49 ocorrências de explosão de caixas eletrônicos registradas em Minas nos primeiros três meses do ano, 48 foram em municípios do interior. Considerando todo o ano de 2014, o cenário se repete: 99% das 255 ocorrências também aconteceram fora da capital.
Delegado do Departamento de Operações Especiais (Deoesp) da Polícia Civil, Thiago de Lima Machado, explica que, ao contrário de Belo Horizonte, cujos assaltantes normalmente agem em pequenos grupos e com armamentos menos lesivos, os municípios do interior são alvo de um número maior de criminosos, que utilizam armamento mais letal, como fuzis e submetralhadoras, para explodir os caixas eletrônicos. “Por se tratar de um policiamento não tão bem estruturado quanto na capital e região metropolitana, esses grupos vão antes na cidade e fazem um levantamento para ver onde tem mais caixas, para auferir um valor maior de uma vez, e saber onde são as unidades de polícia. É um trabalho mais planejado”.
A Polícia Militar (PM) reconhece a fragilidade dos pequenos municípios. “As quadrilhas buscam cidades com menor infraestrutura geral, porque a possibilidade de fuga, principalmente quando há rodovias próximas, é grande. São municípios que oferecem pouca estrutura para a própria PM fazer a interceptação”, afirmou o assessor de comunicação da corporação, major Gilmar Luciano.
O crime. Portando armas de calibre restrito e submetralhadoras, os criminosos chegaram a Moeda por volta das 4h de ontem. Para tentar garantir o sucesso da ação, o grupo foi direto às unidades das polícias Militar e Civil da cidade e espalhou pregos – os chamados miguelitos –, com o objetivo de furar os pneus das viaturas policiais que fossem acionadas.
Outros casos
Buenópolis. Em abril, 15 assaltantes encapuzados e armados com fuzis invadiram a cidade de Buenópolis, na região Central, e explodiram caixas eletrônicos de duas agências. Os bandidos fecharam as ruas e atiraram para o alto visando intimidar a polícia e os cerca de 10 mil moradores. O grupo fugiu pela BR–135.
Itamonte. Em fevereiro de 2014, nove pessoas morreram durante uma troca de tiros entre policiais e criminosos, em Itamonte, no Sul de Minas. Três meses antes, a cidade presenciou explosões de caixas eletrônicos.
Os suspeitos
Pena.Com passagens por tráfico de drogas, roubo e porte ilegal de armas, os presos responderão por associação criminosa e roubo qualificado pelo uso de explosivos, podendo cumprir até 27,5 anos de reclusão.
Fonte: O Tempo