Lojistas pedem que ‘rolezinhos’ de jovens sejam feitos nas ruas.

Lojistas pedem que ‘rolezinhos’ de jovens sejam feitos nas ruas

A Associação Brasileira dos Lojistas de Shoppings (Alshop) informou ontem que os centros comerciais que sediaram “rolezinhos” – encontro de jovens marcado por meio das redes sociais – tiveram queda de 25% no movimento. O motivo seria o medo dos clientes, que deixaram de frequentar esses locais para fugir de tumulto e práticas criminosas; e dos lojistas, que muitas vezes fecharam as portas.

A expectativa dos comerciantes é que as prefeituras e os governos federal e estaduais criem espaços públicos para “rolezinhos” em parques e praças.

A Associação dos Lojistas de Shoppings Centers de Belo Horizonte (Aloshopping) também registra redução nas vendas em torno de 25%. “É só marcar um encontro desses nas redes sociais para os clientes ficarem intimidados de ir às compras”, afirmou Alexandre França, superintendente da Aloshopping.

Socorro. Diante do fenômeno que viraram os “rolezinhos”, a Alshop – que representa cerca de 107,1 mil lojistas de 828 shoppings do país – pediu ajuda à Presidência da República.

O presidente da entidade, Nabil Sahyoun, marcou um encontro para o próximo dia 29, em Brasília, com os ministros Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República, e Marta Suplicy, da Cultura, dentre outros.

“Se o governo federal sugerir que todos os Estados disponibilizem áreas de lazer, como será feito em São Paulo, as expectativas desses jovens serão atendidas”, disse Sahyoun. Ontem, o governado de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que está levantando as opções de espaços para lazer disponíveis no Estado.

Contradição. Ao mesmo tempo em que os lojistas reclamam da queda nas vendas, pesquisa do Instituto Data Popular, publicada nesta semana, revelou que os jovens de classe C – segmento social identificado com os “rolezinhos” – têm um potencial de consumo estimado em R$ 129,2 bilhões, montante superior aos dos jovens das classes A, B e D somados.

Para o sociólogo Rudá Ricci, os shoppings estariam distorcendo o fenômeno dos “rolezinhos” e os transformando em um evento que cria perigo para os demais frequentadores. “Os jovens da periferia não estão buscando os shoppings da classe A para os rolés, mas, sim, os já frequentados pela classe trabalhadora, que teve aumento de renda e é consumidora. Os centros comerciais deveriam participar das redes sociais e ajudar a organizar os encontros”, sugeriu o especialista. 
 

Comerciantes reclamam de queda nas vendas

“Desde que começaram os ‘rolés’, o movimento nos fins de semana está muito ruim”, disse João Paulo Pimenta, 28, sócio proprietário de uma loja de calçados no Itaú Power Shopping, em Contagem, na região metropolitana da capital.

Ele confirma a queda nas vendas em 25% desde o fim de novembro, quando ocorreu o primeiro “rolezinho” no centro comercial. “Só vimos uma multidão correndo e gente querendo entrar na loja com medo. Tivemos que baixar as portas”, relembrou Pimenta.

Em uma loja de roupas de praia, a solução também foi fechar as portas. “As vendas cairam 40% em dezembro e neste mês continuam abaixo”, disse a vendedora Daniele Nunes, 23.

A decisão do shopping de barrar adolescentes desacompanhados, como ocorreu no último fim de semana, não melhorou as vendas. “As pessoas ficam com medo de vir”, concluiu Daniele.

Encontro no parque

Diante da polêmica em torno dos “rolezinhos”, jovens estão buscando outras alternativas para os encontros. Um dos organizadores, Felipe Evaristo, 18, disse que pretende reunir, neste sábado, entre 1.000 e 2.000 pessoas no Parque Municipal, no centro da capital. “No shopping, falam que a gente quer roubar, sendo que não tem nada a ver. Então, vamos para o parque.”. Apesar dessa iniciativa, ainda há eventos previstos, como o “2° Rolezim no Shopping Betim”, na região metropolitana.

Igreja defende ‘rolé’

O arcebispo do Rio de Janeiro, Orani Tempesta, recém-escolhido cardeal pelo papa Francisco, disse ontem que jovens de periferia que realizam os “rolezinhos” têm direito de frequentar os shoppings center, desde que os atos promovidos por eles não acabem em violência. “Devemos promover as pessoas para que todos possam ter aquilo que é a dignidade humana, e também ter uma qualidade de vida melhor”, disse, no Palácio do Planalto, após audiência com a presidente Dilma Rousseff.

Jovens barrados

Reunião. Em reunião realizada ontem entre membros da Associação dos Lojistas de Shoppings Centers de Belo Horizonte (Aloshopping), a entidade defendeu a postura dos centros comerciais de barrar adolescentes que estejam desacompanhados dos pais, como ocorreu no sábado passado, na capital.

Fonte: O Tempo