Irmãos lucrariam R$ 216 mil com armas roubadas.

Irmãos lucrariam R$ 216 mil com armas roubadas

As 45 armas roubadas da Central Integrada de Escoltas de Ribeirão das Neves, na região metropolitana da capital, no último dia 24 de março, renderiam ao menos R$ 216 mil ao agente penitenciário Marco Antônio de Oliveira Nogueira, 36, e a seu irmão Arthur Rodrigues Nogueira, 23. Na manhã dessa quarta, o servidor público confessou o crime e afirmou que estava devendo dinheiro a um agiota, o que o motivou a arquitetar o roubo. Além dele e do irmão, um receptador e o intermediário entre a dupla e os compradores também foram presos pela Polícia Civil.
 

O plano começou a ser realizado três dias antes do roubo, que aconteceu em 24 de março. Desde o início, os irmãos já contavam com a ajuda de Washington Luiz Soares, 35, que trabalha como porteiro em um prédio de luxo na região Centro-Sul da capital. Ele era muito conhecido na região do bairro Veneza, em Ribeirão das Neves e, por isso, acabou se tornando o intermediário dos irmãos.

Um dos receptadores do trio, Wanderley Metzker, 45, foi preso em flagrante com uma das armas roubadas. Além dos quatro homens já detidos, a polícia identificou o vizinho de Marco Antônio e Arthur, que era responsável por armazenar as armas. A polícia aguarda um mandado para efetuar a prisão. Pelo menos mais um comprador já está identificado pelos investigadores.

Segundo o delegado Bruno Wink, da 5ª Delegacia Especializada de Furtos, Roubos, Antissequestro e Organizações Criminosas (Deroc), cada pistola .40 seria vendida por R$ 4.500 e as submetralhadoras por R$ 10.500. No entanto, os irmãos repassariam ao intermediário R$ 500 do valor de cada um dos armamentos. A Polícia Civil acredita que cinco das 49 pistolas foram vendidas. Já havia negociações para duas das seis submetralhadoras roubadas.

O Roubo. Marco Antônio chegou em casa três dias antes do crime e propôs toda a ação para o irmão e, segundo Wink, juntos eles começaram a agir. No dia do assalto, o agente penitenciário foi trabalhar normalmente em seu carro levando uma vasilha de salada de frutas para os colegas. No meio da tarde, Arthur foi até a central de escoltas, deixou sua moto com o irmão e levou o carro, que mais tarde foi usado para carregar o armamento. Foram feitas dez viagens e gastos 40 minutos na ação.

Durante o dia, os agentes comeram a salada de frutas, mas como não havia nenhum sonífero nela, ninguém passou mal. Já durante a noite, Marco Antônio separou a sobremesa em potes e colocou o produto em todos eles. Quando os colegas do irmão adormeceram, Arthur foi até lá.


Pena pode ser de até 15 anos

Os irmãos Marco Antônio e Arthur Nogueira foram flagrados por posse ilegal de arma de fogo de uso restrito, assim como Wanderley Metzker e Washington Soares. A pena para esse crime é de, no máximo, seis anos.

Os irmãos também podem ser indiciados por roubo com utilização de violência imprópria, por terem dopado nove agentes. Se a polícia comprovar que Washington sabia do roubo, ele também pode ser responsabilizado pelo mesmo crime. A pena é de até 15 anos de prisão.
 

Confiança. De acordo com a Polícia Civil, Marco Antônio serviu a salada de frutas durante o dia para os colegas sem o sonífero para se certificar de que ninguém duvidaria dele. Na segunda refeição do grupo, que estava de plantão há muitas horas, ele se sentiu confiante e colocou uma grande quantidade de Rivotril em todos os recipientes com a sobremesa.

Medicamento. O medicamento usado pelo agente foi o tranquilizante Clonazepam (mais conhecido como Rivotril). Ele age como anticonvulsivo, tem efeito sedativo, de relaxamento muscular e tranquilizante. A superdosagem do remédio pode causar sonolência, confusão e até coma.

Pistas.  A Polícia Civil não encontrou os recipientes usados pelas vítimas para comer a salada de frutas. O delegado Bruno Wink acredita que Marco Antônio se livrou deles para evitar pistas. O resto de salada de frutas analisada pela perícia não continha a substância, mas em uma jarra de suco que estava no local ela foi encontrada. A polícia aguarda um exame de sangue feito nos agentes.

Afastamentos

Servidores. Todos os nove agentes dopados estão afastados para um procedimento administrativo. O prazo para a conclusão se encerra ainda neste mês, mas pode ser prorrogado.

Fonte: O Tempo